Duas semanas antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, Tony Estanguetpresidente do Comitê Organizador, expressa em entrevista à AFP sua confiança de que serão “espetacular”.
Estanguet reconhece, no entanto, que não foram escolhidos “as opções mais fáceis” por apostar numa cerimónia de abertura com desfile fluvial ao ar livre e por querer realizar as provas de triatlo e maratona aquática em Rio Sena – em que se banhou a ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra, neste sábado (13).
Confira a entrevista completa abaixo.
Pergunta: Existe um suposto alívio com o fim do período eleitoral na França?
Resposta: Sim, sem dúvida é um alívio por termos deixado esse período para trás. Representou um momento importante para o país, que respeitamos da mesma forma que respeitamos todas as etapas democráticas desde 2015. A boa notícia é que não sofremos atrasos nem fomos afetados pelas eleições.
P: Apesar de não se saber qual será o governo da França quando os Jogos começarem.
R: Uma coisa que aprendi nesta função é estar sempre no meu lugar. Não cabe a mim nomear o governo. Já enfrentei outras situações em que tive que me adaptar e confio que o Estado acompanhará este projeto até ao fim. Obviamente, um pouco de facilidade de vez em quando não faria mal.
P: A Chama Olímpica chegará a Paris no domingo (14 de julho). Quais são suas expectativas para este momento?
R: Fiquei cada vez mais impressionado com o valor que este símbolo tem para as pessoas. Eles ficam emocionados ao ver a chama Olímpica passar e assistir a esse espetáculo. O sucesso da mudança, com cinco milhões de franceses a testemunharem diretamente desde 8 de maio, é o resultado do desejo de tornar estes Jogos acessíveis. Quando a chama chegar a Paris será um momento importante, pois será a reta final. Você chegará à Champs-Élysées no dia do feriado nacional, espero que haja muita gente.
P: Você ficou surpreso com o interesse e fervor das pessoas?
R: Não tínhamos certeza absoluta de que seríamos capazes de manter o interesse e o fervor das pessoas por 80 dias. Estamos satisfeitos com os resultados até agora, atingimos o objetivo que nos propusemos. Centenas de milhares de pessoas assistiram à chegada de “Belém” [o navio que transportava a chama olímpica] para Marselha. Aquele momento foi um ponto de viragem, inclusive para mim.
P: Foi feita uma aposta arriscada tendo que depender das condições meteorológicas e dos níveis do Sena, com a cerimónia de abertura e várias corridas a decorrer no rio.
R: Sim, existe uma parte de audácia e criatividade. Apostamos em fazer coisas que até agora não tinham sido feitas. Mas desde 1º de julho, a qualidade da água do Sena tem sido excelente [a qualidade esteve ótima durante uma parte de junho devido às fortes chuvas].
Não há risco zero, mas estamos muito tranquilos quanto à possibilidade de organizar competições na Sena. Não o fazemos apenas durante três dias de competição, mas sobretudo por razões ambientais. Nem optamos pelas escolhas mais fáceis, mas sei, pela minha experiência passada, que não se pode fazer nada de extraordinário com facilidade. Faz cem anos que não temos essa experiência em nosso país. Viveremos um momento inédito, muito lindo. Acredito que será espetacular!
P: Nestes jogos, deverá haver menos de 20 atletas russos.
R: É uma consequência das decisões e sanções muito severas tomadas pelas federações internacionais, pelo COI e depois pelo Comité Paraolímpico Internacional, não é realmente uma surpresa. Havia o desejo de reduzir o máximo possível [a participação russa], com atletas que não estavam totalmente envolvidos no regime. Receberemos estes atletas como merecem e serão bem recebidos em Paris.
P: Como combater o fenômeno da desinformação que os Jogos enfrentam?
R: Sabemos que há pessoas que querem fazer dos Jogos um sucesso. Já houve diversas tentativas de circulação de Fake News. Pedimos sempre às pessoas que sejam cautelosas, que relacionem a informação, que a verifiquem e que não a partilhem imediatamente, principalmente quando se trata de algo grave. O risco existe e devemos permanecer calmos e cautelosos. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para dizer novamente às pessoas: tomem cuidado com todas as notícias que vão circular durante os Jogos!
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