A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse neste sábado (13) que foi procurada pelo Palmeiras e informada sobre o pedido de desculpas do técnico Abel Ferreira. Na última quinta-feira (11), após a vitória por 3 a 1 sobre o Atlético Clube Goianiense, pelo Brasileirão, ele afirmou que o time paulista “não é um time de índios”. A expressão foi usada como sinônimo de desorganização.
“A assessoria do Palmeiras entrou em contato com a nossa assessoria para informar sobre a posição do técnico Abel Ferreira, após sua fala. É importante reconhecer o erro e pedir desculpas às comunidades indígenas do Brasil”, escreveu Guajajara nas redes sociais.
O pedido de desculpas citado pela assessoria do clube foi divulgado nas redes sociais de Abel Ferreira nesta sexta-feira (12).
“Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem nos atentarmos ao seu conteúdo. Errei ao usar uma dessas expressões na coletiva de imprensa. Reconheço que as palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção. Todos devemos questionar, pensar e melhorar a cada dia. Peço desculpas a todos e, principalmente, às comunidades indígenas”, escreveu o técnico.
Também na sexta-feira, o ministro escreveu que as declarações de Abel Ferreira eram “inadmissíveis”, pois revelavam a permanência de estereótipos em relação aos povos indígenas.
“O técnico do Palmeiras errou muito na sua afirmação. Gostaria de convidá-lo a conhecer a história dos povos indígenas do Brasil. E conhecer também a história da colonização de Portugal, seu país de origem, em relação ao Brasil e como estamos trabalhando para rever isso”, escreveu.
Guajajara citou ainda as recentes posições do governo português, que em junho assinou um Memorando de Entendimento com o Observatório do Racismo e Xenofobia do país, durante visita da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“O próprio presidente de Portugal admitiu recentemente que o país foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil. Uma declaração muito importante porque o reconhecimento de tais crimes é o primeiro passo para ações concretas de reparação.”
“Sua posição, naquele momento, trouxe ao debate público a urgente relevância de avançar em uma agenda de igualdade étnico-racial como premissa de cidadania, com o resgate, a preservação e a valorização da história e do conhecimento da cultura afro-indígena de BR”, acrescentou o ministro.
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