O projeto de reforma tributária aprovado na Câmara vai gerar redução significativa na carga sobre alimentos e alguns bens industriais. Produtos ainda mais caros, como o caviar importado, serão menos tributados caso se confirme uma alíquota próxima de 26,5% para o somatório dos novos impostos.
Também chama a atenção a isenção de armas, cuja tributação cai de mais de 70% para 26,5%, garantida pelos deputados na última quarta-feira (10).
Levantamento feito pela consultoria Tax Group a pedido da Folha mostra que itens como arroz, feijão, leite e farinha passarão de alíquota nominal acima de 15% para zero.
Como o sistema atual é cumulativo e a cobrança é feita com imposto sobre imposto, é possível que a cobrança atual seja ainda maior que a estimada. Também pode variar dependendo do local de produção.
ALTERAÇÕES NAS TARIFAS COM REFORMA TRIBUTÁRIA – EM %*
Produto/serviço – Como é – Projeção
Arroz – 17 – 0
Leite – 18 – 0
Manteiga – 33 – 0
Margarina – 35 – 0
Feijão – 17 – 0
Café – 16 – 0
Farinha de trigo – 17 – 0
Açúcar – 30 – 0
Carne – 29 – 0
Peixe – 34 – 0
Sal – 15 – 0
Queijo – 16 – 0
Óleo de milho – 16 – 0
Aveia – 17 – 0
Flores – 17 – 0
Salmão/atum – 28 – 10,60
Pasta de tomate – 36 – 10,60
Pão fatiado – 16 – 10,60
Mel natural – 31 – 10,60
Caviar – 51,25 – 26,5
Biofertilizante – 2 – 10,60
Calcário – 4 – 10,60
Absorvente – 34 – 0
Papel higiênico – 32 – 15,9
Escova de dentes – 34 – 15,9
Alvejante – 26 – 10,60
Medicamentos com taxa zero – 33 – 0
Taxa reduzida de medicamentos – 33 – 10,60
Fonte: Grupo Fiscal. *Taxas nominais. O método de carregamento e a natureza cumulativa podem fazer com que a carga atual seja maior do que a indicada.
A carne bovina, que entrou na lista de isenção de última hora, passará de uma alíquota média de 29% para zero. O governo propôs inicialmente uma redução de 60% nos impostos, o que geraria uma alíquota estimada de 10,6%, mas a Câmara ampliou ainda mais o benefício após pressão da bancada do agronegócio.
Os deputados também eliminaram a tributação sobre dez tipos de queijos (mussarela, minas, prato, requeijão, ricota, cream cheese, provolone, parmesão, fresco e local), outras carnes (porco, cordeiro, cabra e aves), sal e peixes (exceto salmão). , atum, bacalhau, arinca, escamudo e ovas).
Outro item isento pela Câmara são os absorventes higiênicos, cuja alíquota atual de 34% será zerada.
O governo apoiou um benefício de plano de saúde para animais domésticos, que terá a mesma alíquota esperada para os serviços veterinários (18,6%), o que significa alívio em relação à situação atual.
A queda nos impostos não significa que os benefícios chegarão ao consumidor, já que o sistema de desoneração tributária deixa o poder de transferir ou não para as empresas – e geralmente não é completo.
CAVIAR E MEDICAMENTOS
A alíquota reduzida estimada em 10,6% também será aplicada a itens como salmão, atum, extrato de tomate e pão fatiado, todos produtos que também ficarão isentos.
Alguns alimentos, como o caviar, permanecerão com a alíquota integral, o que já significará redução de impostos pela metade, sem considerar o imposto de importação.
Sobre medicamentos, a tributação também será significativamente reduzida, com 383 itens pagando zero e os demais na lista de 10,6%.
Pessoas de famílias que estão no Cadastro Único de benefícios sociais (um terço da população) receberão parte de seus impostos de volta. Na maioria dos casos, quase metade dos impostos será reembolsada.
Comparar a proposta aprovada na Câmara com dados do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) presentes nas notas fiscais também permite estimar reduções de impostos para energia elétrica e mensalidades escolares.
TARIFAS ESTIMADAS PARA OUTROS PRODUTOS – EM %*
Produto/serviço – Como é – Projeção
Frutas – 11,8 – 0
Livros – 15,5 – 0
Legumes – 16,8 – 0
Taxas escolares – 26,3 – 10,60
Plano veterinário e de saúde para animais de estimação – 26,90 – 18,6
Ginásio – 26,70 – 26,5
Arma – 71,60 – 26,5
Brinquedo – 39,7 – 26,5
Chocolate – 39,6 – 26,5
Conta de água – 24 – 26,5
Eletricidade – 48h30 – 26,5
Geladeira – 46,2 – 26,5
Joias – 50,40 – 26,5
Móveis – 40 – 26,5
Passagem aérea – 22,3 – 26,5
Roupas – 34,7 – 26,5
Sucos industrializados – 36,2 – 26,5
Telefone – 46,1 – 26,5
TV a cabo – 24h20 – 26h5
Fonte: IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).
*Taxas nominais. O método de carregamento e a natureza cumulativa podem fazer com que a carga atual seja maior do que a indicada.
GASOLINA E TELEMÓVEL
A tributação de itens importantes da cesta de consumo, como combustíveis, que terão regime de tributação diferenciado, e de produtos afetados pela taxa seletiva para itens nocivos à saúde e ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas e refrigerantes, ainda não foram definiram. Nos três casos, a promessa é manter a cobrança atual.
Carros, inclusive elétricos, também estão na lista de seleção. Neste caso, não há definição se a carga será mantida ou não.
Bens produzidos na Zona Franca de Manaus, como bicicletas, motocicletas e celulares, também tendem a manter a tributação vigente, para que os produtos da região não percam competitividade.
Com tantas isenções, corre-se o risco de aumento da carga sobre alguns serviços (exceto empresas do Simples Nacional) e bens industriais não abrangidos pelos benefícios aos setores escolhidos pelo Congresso Nacional.
*Informações da Folhapress
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