Dois anos e meio após o lançamento do ChatGPT ter abalado a indústria tecnológica, Silicon Valley parece ter a intenção de incluir inteligência artificial generativa em todos os cantos da Internet e dos dispositivos eletrónicos, desde o e-mail aos auscultadores de realidade virtual. As mudanças não devem demorar a chegar, mesmo para quem resiste a interagir com um robô de IA.
A Apple, que sinalizou cautela ao dar esse passo, apresentou no mês passado a integração da Siri, sua assistente virtual, com o ChatGPT. O Google, mecanismo de busca mais popular da internet, lançou nos EUA seu sistema que gera respostas por meio de IA generativa nas buscas. A empresa também integrou robôs em ferramentas de trabalho e e-mail.
No caso da Meta, o plano é incluir assistentes de IA em suas redes sociais acessadas por mais de 3 bilhões de pessoas. A Microsoft já trouxe IA generativa para computadores e também para o pacote Office por meio do Copilot. Enquanto isso, a OpenAI está progredindo para que seu principal produto, ChatGPT, tenha a capacidade de ver e ouvir, além de ler.
Em comum, as big techs têm procurado injetar inteligência artificial generativa no dia a dia de quem usa e consome seus produtos. O novo passo da indústria também é mudar a forma como a IA interage: indo além dos comandos de texto e tornando os sistemas capazes de “ouvir” e “ver” de forma mais natural.
— Estamos vendo uma transição de ferramentas puramente passivas, que respondem aos comandos do usuário a partir de cliques, para ferramentas que analisam seu uso e sugerem formas mais inteligentes de fazer algo — resume Carlos Rafael Gimenes, professor do curso de Sistemas da Informação da ESPM.
Uma série de anúncios feitos nas últimas semanas por gigantes da tecnologia mostram como o setor tem trabalhado para tornar a IA mais “onipresente”. A Globo preparou um guia sobre as mudanças, que gera polêmica:
OpenAI quer ChatGPT ‘multimodal’
Uma IA que fala, vê, escuta e analisa imagens ao vivo em tempo real. Em breve, também poderá realizar tarefas em nome dos usuários. Em maio, a OpenAI realizou a maior atualização do ChatGPT desde o lançamento do sistema e apresentou o GPT-4o, seu novo modelo de inteligência artificial que processa áudio, imagens e texto.
Com a atualização, a assistente virtual poderá falar de forma mais “natural”, interagir por voz com outra IA, avaliar situações do “mundo real”, cantar e até ler as emoções dos usuários.
A nova versão estará disponível para todos os usuários, inclusive aqueles que utilizam a versão gratuita do ChatGPT. Nem todos os recursos, entretanto, estão disponíveis. Os mais avançados começarão a ser liberados a partir de julho para grupos restritos de usuários, segundo a OpenAI.
O lançamento acabou esquentando debates sobre os limites legais e éticos no uso de conteúdo protegido por direitos autorais, após a empresa ser acusada de usar a voz de Scarlett Johansson para criar uma das personalidades do GPT-4o.
— Certamente podemos dizer que estamos na era da produtividade com IA — afirma Mônica Magalhães, especialista em inovação e fundadora da Agência Disrupta — Mas também é hora de debater os assuntos mais polêmicos, como a garantia de direitos autorais dos conteúdos utilizados para treinamento desses redes neurais, por exemplo, ou para corrigir problemas de viés — acrescenta.
Google lançou IA em buscas e expandiu Gemini
No dia seguinte à apresentação do GPT-4o, também em maio, o Google realizou seu principal evento do ano, o Google I/O e anunciou o que o CEO Sundar Pichai definiu como a mudança mais significativa no mecanismo de busca em 25 anos: inclusão de geradores Respostas de IA nos resultados da pesquisa.
O sistema, denominado AI Overview, gera resumos criados pela IA. A ferramenta começou a ser implementada nos Estados Unidos e estará aberta a “bilhões” de pessoas ao longo do ano, segundo o Google. Poucos dias depois de começar a funcionar, porém, a empresa teve que promover um “freio de arrumação” no AI Overview, após o sistema gerar respostas erradas, que viralizaram nas redes.
No Google I/O, a gigante da tecnologia também apresentou sua versão em desenvolvimento do multimodal Gemini. Gemini é o nome do Google para sua família de recursos de IA. Semelhante ao GPT4o, o sistema também será, promete a empresa, capaz de processar áudio e vídeo em tempo real.
Outro passo dado pela big tech foi avançar na integração do Gemini com o Gmail e os sistemas de trabalho do Google (como o Docs). A IA começará a aparecer como uma barra lateral em seus aplicativos do Workspace (que também incluem Drive, Apresentações e Tabela) e poderá executar tarefas integradas aos aplicativos (como encontrar e enviar informações de um e-mail para abrir Documentos ou buscar dados de Dirija e gere uma apresentação de slides).
No Brasil, a integração com o Gemini está disponível apenas em inglês. Os usuários do país que assinam o Workspace, no entanto, têm IA integrada ao Gmail e ao Docs por meio da função “Ajude-me a escrever”. No email, o robô resume as mensagens e muda o “tom” das mensagens. No Docs, você também pode gerar textos prontos com comandos (prompts) e fazer consultas dentro da ferramenta.
A Microsoft avançou com computadores para IA
Na semana seguinte ao Google I/O, a Microsoft anunciou a integração da IA diretamente no hardware e software do computador, com PCs Copilot+. Copilot é o sistema de inteligência artificial da empresa que funciona com o “cérebro” do ChatGPT. Segundo a empresa, os dispositivos que vêm com esse selo serão cem vezes mais eficientes para cargas de trabalho de IA quando comparados aos PCs tradicionais.
A empresa também expandiu a injeção de IA para o Windows 11 e anunciou o Runtime, plataforma que traz aplicativos e modelos de inteligência artificial diretamente para o seu sistema operacional. A ferramenta permite que os desenvolvedores criem aplicativos Windows integrados com recursos de IA.
O Copilot também ganhou novos recursos no Microsoft 365, pacote que inclui Teams (para reuniões) e Outlook (para e-mails). A principal delas é a possibilidade da IA ser uma espécie de assistente de equipe, chamada de “Team Copilot”.
Com a atualização, o sistema poderá executar funções de forma autônoma. Com a atualização, ele pode ser customizado e programado para executar ações de forma autônoma, com base nas necessidades específicas de áreas como marketing, vendas, finanças, RH ou TI. A ideia é que ele se torne um novo “colega de trabalho”, segundo a Microsoft.
Meta trouxe IA generativa para a mídia social
Dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, a Meta deu este ano o seu principal passo para trazer IA generativa para seus produtos: a integração de todas as suas redes sociais com robôs movidos pelo Llama 3, o modelo de inteligência artificial mais avançado da empresa.
Já disponível nos Estados Unidos, o Meta AI pode ser acessado em chats no WhatsApp, Instagram e Facebook. A IA, além de criar conteúdo textual, gera imagens e acessa informações atualizadas na internet.
O sistema pode ser ativado em todas as redes através da função “pesquisa”. No Facebook, ele também aparece nas postagens do feed como um novo botão, chamado “Ask Meta AI”. Ainda será possível acessá-lo em versão desktop, muito semelhante ao ChatGPT. A IA também estará disponível em breve no Quest, os óculos de realidade virtual da Meta.
A ferramenta, segundo a Meta, começará a funcionar no Brasil a partir de julho e será liberada gradativamente para os usuários. A empresa, porém, foi impedida pela agência brasileira de proteção de dados de usar informações dos usuários para treinar o sistema. Na Europa, uma decisão semelhante levou a empresa a interromper o lançamento da IA.
Para Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, além da questão regulatória, também há dúvidas sobre como a gigante das redes sociais fará para monetizar o sistema. Ele avalia que a empresa também enfrentará o desafio de calibrar a interação com IA e outros conteúdos:
— A própria Meta parece não saber como vai fazer isso. Tem outro ponto: se o usuário Meta está interagindo com a IA, ele não está vendo outros conteúdos nas redes e, consequentemente, não está vendo os anúncios. Mais IA, no caso do Meta, pode significar menos lucro.
Apple integrou IA generativa em iPhones
A Apple revelou em junho que pretende “turbinar” seus equipamentos com IA generativa durante a WWDC (Worldwide Developers Conference), sua conferência anual para desenvolvedores.
O processo envolve a atualização do Siri, assistente de voz que terá acesso às informações do ChatGPT e contará com novos recursos. A empresa também revelou o Apple Intelligence, que será capaz de reescrever, revisar e resumir textos em praticamente qualquer aplicativo, incluindo Mail e Notes. A IA também personalizará notificações na tela do celular e terá funções de criação e edição de imagens.
Integrada ao Apple Intelligence, a Siri também se tornará mais “humana”: poderá ser acessada via texto, além de comandos de voz, e terá interações mais “naturais” com os usuários, com compreensão do contexto e linguagem mais parecida com a humana. O assistente também poderá realizar tarefas mais complexas, como agendar compromissos e realizar mais ações dentro dos aplicativos. Outra capacidade do Siri é lidar com várias solicitações simultaneamente.
— A Apple havia sido criticada por estar “atrasada” na corrida da IA e surpreendeu o mercado ao anunciar uma parceria com a OpenAI que transforma seus celulares em poderosos assistentes pessoais — diz Andrea Janér, fundadora e CEO da Oxygen.
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