Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam a quinta-feira em queda, principalmente entre os contratos mais longos, com a curva brasileira reagindo, por um lado, à queda dos rendimentos do Tesouro, acompanhando dados de inflação mais favoráveis nos EUA, e por outro lado, ao avanço do real frente à queda da moeda norte-americana no exterior.
Entre os contratos mais curtos, as taxas terminaram muito próximas da estabilidade.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,55%, ante 10,528% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,08%, ante 11,072% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,295%, ante 12,311%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 12,71%, ante 11,763%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,73%, ante 11,772%.
Na agenda do dia, o dado mais aguardado pelos investidores era o índice de preços ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos, divulgado às 9h30.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o IPC caiu 0,1% em junho, depois de permanecer inalterado em maio. Nos 12 meses até junho, o índice subiu 3,0%, após alta de 3,3% em maio. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,1% no mês e de 3,1% na base anual.
O índice mais fraco do que o esperado pesou sobre os rendimentos do Tesouro e causou o colapso das taxas DI. A taxa contratual para janeiro de 2027, por exemplo, passou de máxima de 11,375% às 9h13 – antes do IPC – para 11,235% (queda de 8 pontos-base em relação ao reajuste anterior) às 9h32. , já depois dos números.
Ainda durante a manhã, porém, as taxas recuperam o dinamismo no Brasil, retornando em alguns momentos ao território positivo.
“Tivemos ontem o IPCA (inflação oficial) no Brasil e hoje o IPC nos EUA, mas isso não impediu a queda das taxas”, comentou Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, ao avaliar a movimentação dos DIs nesta quinta-feira. “Há um movimento de desvalorização mais forte do real frente ao dólar, ao contrário do que se vê lá fora”, acrescentou.
O dólar mais forte compensou parcialmente o efeito do IPC na curva, embora entre os contratos mais longos as taxas tenham terminado em mínimos firmes, de 5 pontos base em alguns vencimentos. No exterior, por outro lado, o movimento dos títulos era mais robusto: às 16h54 o – referência global para decisões de investimentos – caía 8 pontos-base, para 4,204%.
Apesar dos efeitos do IPC nas operações do dia, os profissionais avaliaram que a inflação norte-americana também foi uma boa notícia para o Brasil, aumentando as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar as taxas de juros em setembro.
“O mercado começa a ver, além de um corte em setembro, possivelmente mais dois cortes até o final do ano”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado aos clientes. Segundo ele, isso “facilita a vida do Banco Central do Brasil”. “Por enquanto está descartada a possibilidade de aumento dos juros”, acrescentou, em referência à taxa básica Selic.
Na verdade, perto do fechamento no Brasil, a curva a termo precificou 92% de chance de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano no final deste mês e 8% de chance de um aumento de 25 pontos base. No início da semana passada, antes da moderação do discurso do governo em relação à política monetária, as apostas majoritárias eram na alta da Selic –algo que o próprio BC indicou não estar em seu cenário base.
“A discussão é se haverá ou não espaço para corte da taxa Selic no ano que vem. Se conseguir estabilizar o câmbio e (o governo) tiver uma política fiscal mais equilibrada, (o BC) poderá discutir cortes em 2025. Mas se (o governo) continuar ampliando os gastos, fará o BC repensar a possibilidade de aumentando os juros”, avaliou. Lima, da Western Asset.
Em Brasília, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta o projeto de lei que tem como eixo central a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo, incluindo o bloqueio da alíquota do futuro imposto simplificado e a adição de proteínas animais à lista de itens da cesta básica isento de impostos.
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