Uma estátua de Anne Frank (1929-1945) em Amsterdã foi pintada com spray com a palavra “Gaza” em tinta vermelha nesta terça-feira.
A estátua da menina, uma adolescente alemã de origem judaica que foi morta no Holocausto, foi erguida num parque perto de onde ela e sua família viviam antes de serem forçados a se esconder. Depois que o monumento foi vandalizado, a polícia local abriu uma investigação sobre o caso.
A prefeita Femke Halsema condenou o que aconteceu, afirmando que “nenhum palestino foi ajudado ao manchar esta preciosa estátua”. “Esta jovem, que foi brutalmente assassinada pelos nazistas aos 15 anos, lembra a nós e à nossa cidade todos os dias a humanidade e a bondade, mesmo nas circunstâncias mais difíceis”, escreveu ela no Instagram. “Quem quer que tenha sido, não há desculpa para isso.”
Anne Frank e outros sete judeus ficaram escondidos durante dois anos num anexo secreto em Amsterdã. Em agosto de 1944, o local foi descoberto. Juntamente com a família, a jovem foi levada para o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau. Lá, ela passou pouco mais de um mês em uma área de trabalho feminina. Mais tarde, Anne e a sua irmã mais velha, Margot, foram deportadas para outro campo, Bergen-Belsen.
Frio e úmido, o local também estava cheio de doenças contagiosas. Anne e sua irmã contraíram tifo e, em fevereiro de 1945, ambas morreram.
O anti-semitismo cresce na Europa
Um relatório publicado esta quinta-feira indica que os judeus na Europa estão “mais angustiados do que nunca” com o aumento do antissemitismo e o conflito no Médio Oriente entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
A Agência dos Direitos Fundamentais (FRA), órgão da União Europeia (UE) com sede em Viena, afirma no documento que 96% dos judeus europeus relataram ter sofrido antissemitismo na vida cotidiana ou na internet nos últimos 12 meses.
A maioria dos entrevistados (80%) considera que “a situação piorou nos últimos anos”, afirmou o presidente da FRA, Sirpa Rautio. Mesmo antes do ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de Outubro – que desencadeou a recente guerra em Gaza – os judeus europeus relataram ter enfrentado um comportamento anti-semita. No total, 76% dos judeus entrevistados afirmaram que “ocasionalmente escondem a sua identidade”.
O resultado é particularmente forte em França, onde 83% dos inquiridos afirmaram esconder que fazem parte da comunidade. Para medir o impacto do conflito em Gaza, o relatório utiliza informações compiladas “recentemente por 12 organizações comunitárias judaicas”, explica a FRA. “As consequências do conflito afetam os progressos alcançados com dificuldade” e observados após a adoção da primeira estratégia europeia contra o antissemitismo em 2021, diz o documento.
A FRA disponibilizou um questionário online entre janeiro e junho de 2023 para quase 8.000 judeus, com 16 anos ou mais, que vivem em 13 estados que abrigam 96% da população judaica do bloco de 27 países. Outras reportagens sobre o tema foram feitas em 2013 e 2018. Em 4% dos casos, os entrevistados afirmaram ter sofrido ataques físicos, ante 2% na pesquisa de 2018. E 60% expressaram que não estavam satisfeitos com os esforços dos seus governos para combater o anti-semitismo.
Concluindo, a comunidade judaica aponta que o principal “estereótipo negativo” envolve preconceitos que associam este grupo a pessoas que “têm poder e controlam as finanças e os meios de comunicação”. Em segundo lugar, os entrevistados citam a afirmação de que Israel não tem “direito de existir como Estado”. (Com AFP)
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