Nesta quinta-feira, 11, a Polícia Federal (PF) cumpriu cinco mandados de prisão preventiva na Operação Last Mile – investigação sobre monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do governo Jair Bolsonaro. A ofensiva tem como alvo auxiliares diretos do ex-chefe da entidade, Alexandre Ramagem (hoje deputado federal), além de influenciadores do “gabinete do ódio”, grupo revelado pelo Estadão em 2019.
A Abin é o principal órgão do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e tem como função fornecer informações estratégicas e confiáveis ao Palácio do Planalto. Os relatórios são enviados ao Poder Executivo por meio de relatórios, com o objetivo de evitar possíveis ameaças ao Estado Democrático de Direito e à soberania nacional.
Segundo investigadores da Polícia Federal, no último governo foi instalada uma “Abin paralela” para monitorar pessoas consideradas opositoras de Bolsonaro e atuar nos interesses políticos e pessoais do ex-presidente e de seus filhos.
O grupo instalado na Abin teria utilizado “softwares intrusivos na crítica infraestrutura telefônica brasileira” para rastrear celulares “repetidamente”. Os crimes teriam sido cometidos no governo Bolsonaro. Na época, a organização era comandada por Alexandre Ramagem.
O sistema de monitoramento é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de dispositivos que utilizam redes 2G, 3G e 4G. Para encontrar o alvo, basta inserir seu número de telefone no programa e seguir a última posição no mapa.
Desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (antiga Verint), o FirstMile é baseado em torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões para capturar dados de cada aparelho telefônico e depois retornar o histórico de viagens do proprietário do celular.
Segundo reportagem do jornal O Globo, durante os primeiros três anos do governo Bolsonaro, a Abin teria utilizado, sem nenhum protocolo oficial, a ferramenta FirstMile para monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses.
Em janeiro, a investigação se desdobrou na Operação Vigilância Certa, que atingiu o deputado federal Alexandre Ramagem, o vereador Carlos Bolsonaro, policiais federais lotados na Abin durante o governo Bolsonaro e ex-superintendentes regionais do órgão.
Ainda segundo O Globo, além do sistema de monitoramento, a Abin paralela utilizou equipamentos como microfones direcionais, câmeras escondidas, drones e malwares. Um servidor informou em investigação interna da Abin que, em 2021, o órgão decidiu adquirir uma série de drones para operações de vigilância em superintendências regionais.
O servidor informou ainda que integrantes da Abin utilizaram “equipamentos sensíveis” sem cautela, como microfones direcionais com “alcance de algumas centenas de metros”, câmeras e outras ferramentas “para uso tático em campo”.
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