O governo brasileiro entregou à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) uma série de propostas e diretrizes para combater o racismo na região das Américas. Após sediar um evento internacional de diálogo sobre o combate ao racismo na saúde, com a participação de 22 países, o Brasil recomendou à entidade:
– Formalização de órgãos que promovem a equidade étnico-racial de forma transversal, como a Assessoria de Equidade Étnico-Racial em Saúde, criada no ano passado pelo Ministério da Saúde;
– Criação de grupos de trabalho na OPAS para que os países participantes permaneçam mobilizados em torno destes temas. No Brasil, o Comitê Técnico Interministerial de Saúde da População Negra cumpre esse papel, com a participação de três ministérios, gestores municipais e estaduais e movimentos sociais;
– Desenvolvimento de uma estratégia de promoção do combate ao racismo institucional, bem como de uma estratégia anti-racista na saúde;
– Ações afirmativas em todos os processos seletivos do setor saúde, como o que foi realizado no último edital do programa Mais Médicos, que prevê regime de cotas para pessoas com deficiência e grupos étnico-raciais como negros, quilombolas e povo indígena;
– Promoção de editais para entidades da sociedade civil com contribuições específicas para grupos, associações e movimentos étnico-raciais;
– Pesquisa em saúde com enfoque étnico-racial para produção de evidências e soluções para o sistema de saúde. No Brasil, uma dessas iniciativas é a publicação de boletins de saúde para a população negra, que reúnem informações de saúde agregadas por raça/cor e etnia;
– Adequação de sistemas para produção de dados adequados sobre diferentes grupos raciais e étnicos, como ocorreu recentemente no aplicativo SUS Digital, que incluía opções de autodeclaração de gênero e raça/cor;
– Ampliação dos serviços de saúde, considerando especificidades, inclusive culturais, das periferias urbanas, povos e comunidades tradicionais, rurais, florestais e aquáticos, indígenas e migrantes, entre outros.
Entender
Em julho, o Brasil sediou o Encontro Regional: Enfrentando as desigualdades étnico-raciais na saúde, com recomendações que promoverão a implementação da Estratégia e Plano de Ação sobre Etnicidade e Saúde na América Latina.
Ao longo do programa, delegações de países como Brasil, México, Panamá, Colômbia, Argentina, Equador, Peru, Chile, Venezuela, Canadá, Costa Rica, Guatemala e Nicarágua apresentaram ações, avanços e oportunidades relacionadas à Estratégia e Plano de Ação sobre Etnicidade e Saúde 2019-2025.
Na delegação brasileira, o diálogo foi promovido pelo Ministério da Saúde e seis movimentos sociais. As instituições, escolhidas por votação para representar a sociedade civil no evento, foram: Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negras; Construção Nacional do Hip Hop; Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos; Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde; Movimento Nacional da População de Rua; e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
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