A operação da Polícia Federal realizada nesta quinta-feira contra o monitoramento ilegal realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem como alvo ex-funcionários do ministério e influenciadores do chamado gabinete do ódio.
Entre os alvos da ação estão ex-funcionários cedidos à Abin e influenciadores digitais que atuaram no chamado “gabinete do ódio” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Já foram feitas quatro prisões: Giancarlo Gomes Rodrigues; Matheus Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na última gestão; Marcelo de Araújo Bormevet; e Richards Dyer Pozzer. Um alvo ainda está sendo procurado.
Agente da Polícia Federal
Bormevet conquistou a confiança do ex-presidente e de Ramagem, que o nomeou chefe do Centro Nacional de Inteligência (CIN) da agência. Segundo as investigações, essa estrutura servia para monitorar ilegalmente os adversários de Bolsonaro.
No governo Lula, Bormevet também ocupou cargo de confiança como assessor do Subchefe de Infraestrutura da Casa Civil. Ele foi afastado do cargo em janeiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em abril, a Controladoria-Geral da União abriu contra ele um processo administrativo disciplinar (PAD).
Ex-assessor da Secom
Também foi preso pela PF Mateus de Carvalho Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão de Jair Bolsonaro e chegou a ser investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 por supostamente formar um ‘gabinete paralelo ‘ ‘que defendia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada
Assistente de Filial
Outro alvo é o soldado do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, transferido para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Alexandre Ramagem (PL), hoje deputado federal pelo Rio. O subtenente já havia sido alvo de outra fase da operação da PF que visa as supostas ilegalidades na Abin.
Na agência, o militar trabalhava como assessor de Ramagem. Segundo a PF, Giancarlo participou do monitoramento, sem autorização judicial, do advogado Roberto Bertholdo, que por sua vez era próximo dos ex-deputados federais Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Alvo da CPI da Covid
A PF também prendeu o empresário Richards Dyer Pozzer, que também era investigado pela CPI da Covid por divulgar notícias falsas nas redes sociais. Pozzer atua como gerente de produção industrial.
Entenda a operação
Na ação estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília/DF, Curitiba/PR, Juiz de Fora/MG, Salvador/BA e São Paulo/ SP. O uso do programa espião FirstMile foi revelado pela Globo.
Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos telefônicos e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
“Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio”, disse a PF em nota.
Sob investigação
Conforme revelou O Globo, a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio de celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu investigação e identificou que a ferramenta era utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e opositores ao governo de Bolsonaro.
Segundo a PF, além de policiais federais e funcionários da Abin, o então diretor do departamento na época, Alexandre Ramagem, e o vereador carioca Carlos Bolsonaro são investigados por suposta participação na chamada “Abin paralela”. Eles eram alvo de mandados de busca e apreensão. Ambos negam o crime.
Em nota no início do ano, a Abin informou que “é a maior interessada” em apurar os fatos. “Há 10 meses, a atual gestão da Abin colabora com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre possíveis irregularidades cometidas durante o período de utilização da ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na investigação rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, disse a agência.
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