A Câmara dos Deputados deve votar hoje o primeiro texto que regulamenta a Reforma Tributária, com detalhes sobre o futuro Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Circulação de Bens e Serviços (CBS).
Juntos, esses dois novos impostos formarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que substituirá cinco tributos que atualmente incidem sobre o consumo: PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
O IVA será cobrado no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino, ou seja, no local onde está sendo comprado e consumido e não na origem, onde é produzido.
Hoje, os impostos incidem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade acarreta acúmulo de taxas em toda a cadeia produtiva, encarecendo o produto.
O projeto detalha uma série de pontos da reforma, aprovada por meio de emenda constitucional no ano passado, como a cesta básica, o cashback e o Imposto Seletivo (alíquota maior para alguns produtos).
A votação marcada para hoje foi viabilizada pela aprovação, ontem, do regime de urgência do projeto. Veja abaixo os principais pontos críticos da votação.
Emendas
Os pedidos de mudanças na reforma são extensos. Mais de 500 emendas de deputados já foram apresentadas.
Cesta básica
Entre os trechos mais polêmicos está a inclusão ou não da carne na cesta básica com imposto zero. Os deputados do grupo de trabalho que analisou a proposta regulatória avaliam que ainda existe a possibilidade de as proteínas animais ficarem totalmente isentas, caso seja encontrada uma forma de compensação que evite o aumento da alíquota padrão em 0,53%. Hoje, a alíquota padrão do imposto é estimada em 26,5%
O aumento da alíquota ocorreria mesmo com a adição de novos itens no imposto seletivo, como carros elétricos, segundo o Ministério da Fazenda. A ideia de isentar a carne foi defendida publicamente pelo presidente Lula, o que desagradou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), conforme relatou o colunista do GLOBO Lauro Jardim.
O ministro Fernando Haddad sugeriu que o percentual de cashback para os mais pobres na compra de carne fosse superior a 20%. Hoje as carnes já têm direito a cashback de 20% para CBS e IBS, quando o texto menciona restituição de impostos para “outros itens”.
Outro ponto que causou desconforto entre os técnicos de Finanças é o aumento do desconto na alíquota do imposto para a construção civil, que passou de 20% para uma redução de 40% em relação ao IVA integral.
Armas
A inclusão ou não de armas entre os itens sujeitos ao Imposto Seletivo deverá ser decidida mediante votação da emenda em plenário. Isso porque o tema tem grande divergência política e de lideranças. A expectativa é que partidos de esquerda ou centro apresentem os holofotes para definir o tema.
A retirada das armas do imposto de seleção ocorreu após destaque do Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro. O tema voltará a enfrentar resistência no plenário da Câmara.
O valor padrão do IVA ainda está por definir e só deverá ser descoberto um ano antes de cada fase de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com cobrança de apenas 1% de IVA.
O valor aumenta ao longo dos anos seguintes, até 2033, altura em que todos os impostos sobre o consumo serão abolidos, permanecendo apenas o IVA. O valor integral será definido em resolução do Senado Federal, que também definirá qual parcela irá para a CBS e qual será para o IBS.
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