“Favela no debate global” foi o título dos primeiros painéis temáticos e a frase mais repetida no lançamento do Favela 20 (F20), grupo formado para encaminhar propostas e demandas das comunidades para serem discutidas pelo G20 Social.
O fórum reúne entidades não governamentais de diversos setores para participar das discussões do G20, grupo das maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, que terá uma reunião de cúpula nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Janeiro.
Logo na abertura da cerimônia na Casa Voz Vidigal, na Zona Sul do Rio, Rene Silva, idealizador do F20 e fundador da ONG Voz das Comunidades, relembrou as reuniões de lideranças comunitárias que aconteciam desde março para definir o que seria será apresentada ao governo proposta brasileira para ser apresentada na reunião do G20, marcada para novembro, no Rio de Janeiro.
“Quando começamos a pensar no F20, percebemos que as questões do G20 envolvem questões que interessam à favela e mostram o quão poderosa a favela é.”
Os demais painéis do programa de lançamento do F20, nesta segunda-feira (8), foram divididos nos temas Justiça Social: construindo pontes com foco na redução da pobreza e da fome; Qual o papel do G20 na promoção da redução do risco de desastres nas favelas?; Qual a nossa perspectiva com foco no G20?; e Desafios enfrentados pelas favelas no acesso à água, saneamento e higiene.
“Todos os temas e discussões do G20 passam de alguma forma pelas favelas, alguns temas mais próximos da Maré, outros do Alemão, da Cidade de Deus, dos morros, das ladeiras, mas podemos entender o poder da favela e como conseguimos ter essas discussões”, destacou René Silva.
O presidente do Comitê do G20 Rio de Janeiro, Lucas Padilha, argumentou que se o Rio for a capital do G20, tem que ser a capital em sua totalidade e incluir as comunidades. O que está acontecendo aqui hoje tem a ver com o que precisa acontecer em todos os fóruns, como a COP30 [que ocorre] aqui no ano que vem, no próximo G20, mas com frequência e sinceridade”, pontuou.
Para a deputada estadual do Rio de Janeiro, Renata Souza, que cresceu no grupo de favelas da Maré, a iniciativa levará o poder público a olhar para as favelas e periferias de forma mais concreta, com a elaboração de políticas públicas mais imediatas que tenham efeito sobre longo prazo.
“O protagonismo da Voz [da Comunidade], a juventude de outras favelas, mas mais que isso, a coordenação entre as autoridades locais. É uma ação superimportante que marca historicamente a relação da favela com o poder público.”
Primeira dama
Por meio de vídeo apresentado na abertura do evento e publicado no Instagram, a socióloga e primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, elogiou a criação do F20 e convidou lideranças a aderirem e apoiarem a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Conte comigo, desejo um excelente encontro e vamos juntos construir um mundo justo e um planeta sustentável.”
Janja da Silva afirmou que iniciativas como esta construídas pelas comunidades são fundamentais para a presidência brasileira do G20, porque conectam as discussões globais com a realidade dos territórios e vice-versa.
“Ao anunciar o G20 Social como espaço de diálogo e participação social nas discussões e processos do G20, o presidente Lula inovou ao ampliar este fórum para todos os movimentos e organizações sociais. As prioridades do G20 brasileiro conectam-se com as realidades e preocupações sobre questões sociais, ambientais e econômicas de comunidades historicamente marginalizadas. O combate à fome, à pobreza e à desigualdade, a promoção do desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões, a igualdade de gênero e a reforma da governança global são os temas que movem o G20 do Brasil”
Segundo Janja da Silva, estes temas estão profundamente relacionados com os desafios e lutas do dia-a-dia dos moradores de favelas e comunidades periféricas, “como a sua luta pela segurança alimentar, acesso à água potável e saneamento básico, combate à pobreza energética e para políticas de combate aos desastres climáticos capazes de criar resiliência nestas comunidades.”
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