O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Márcio Pochmann, pretende dar o primeiro passo para um projeto de lei que garanta a soberania dos dados no país no final deste mês. Na prática, ele quer criar o Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (Singed), tanto para integrar registros dos mais variados setores (como saúde, educação e benefícios sociais), como também para ter acesso e controlar informações que atualmente apenas os gigantes da tecnologia que possuem (conhecidos como grandes tecnologias).

As discussões sobre o projeto deverão ocorrer de 29 de julho a 2 de agosto, durante a Conferência Nacional de Agentes, Produtores e Usuários de Dados. Em entrevista com Agência Brasil, Pochmann, que recebeu a equipe na sede do IBGE em Brasília, diz esperar que o sistema seja implementado até 2026. Essa implementação da proposta, segundo o economista, reduziria custos para o país, além de proporcionar possibilidades de mais planejamento tanto para o setor público como privado. Confira a entrevista abaixo.

Agência Brasil – Você pretende que haja um sistema que garanta a soberania dos dados dos brasileiros? O que é aquilo?

Márcio Pochmann – Partimos do entendimento de que o Brasil vive a terceira dimensão da soberania. Há 200 anos, a questão da soberania era de natureza política. O Brasil era uma colônia e a independência nacional era aquele procedimento que permitia que as decisões fossem tomadas internamente, feitas pelos brasileiros.

Praticamente 100 anos depois, no início do século XX, surgiu a questão da soberania económica. As decisões econômicas dependiam dos importadores de produtos brasileiros. Não produzimos para atender o mercado interno, mas para o mercado externo. Então, essa produção foi determinada, em geral, pelas condições externas.

No início do século XXI, a questão que surge é precisamente a soberania dos dados, porque, na realidade, através da transformação digital, os nossos dados pessoais, bem como os das empresas e instituições, começaram a servir de modelo de negócio para um oligopólio global que controla esses dados. dados e utilizações pessoais, individuais, de acordo com os seus interesses, que não são necessariamente interesses nacionais.

O Brasil hoje tem uma diversidade de dados muito importante, mas são dados setoriais que não são cruzados. Existem diferentes metodologias porque foram construídas com objetivos específicos. A ideia que estamos trabalhando é reintroduzir a questão da coordenação dos dados oficiais do Brasil, interligando essas diferentes bases de dados e registros administrativos, o que permitiria aos gestores públicos e à sociedade conhecer melhor a realidade do território. Essa é a ideia do IBGE: voltar a ser o grande coordenador da informação estatística, dos dados oficiais.

Agência Brasil – Integrar dados também reduz custos, certo?

Márcio Pochmann – Sim. Isso reduziria custos porque há fragmentação de bases de dados e daria agilidade para quem toma decisões, seja no setor público ou privado.

Ao mesmo tempo, com a construção dessa coordenação teríamos o que chamamos de Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (Singed).

Seria, então, não só a integração desta informação que já existe nas bases de dados oficiais, mas também de informação a que hoje não temos acesso, que são as informações pessoais das redes sociais.

Por isso, entramos em contato com o sistema telefônico brasileiro, com o objetivo de fazer essa conexão. O Brasil estabeleceria um sistema que tivesse a gama de informações e dados que a era digital possibilita.

Agência Brasil – Como pode ser gerada uma fatura?

Márcio Pochmann – Teremos agora, de 29 de julho a 2 de agosto, a Conferência Nacional de Agentes, Produtores e Usuários de Dados. Ou seja, um encontro entre o IBGE e a comunidade acadêmica e científica que disponibiliza dados públicos e privados, com a ideia de discutir esse sistema.

Se tivermos sucesso nesta convergência, a ideia é que se possa oferecer ao Parlamento a possibilidade de ter um projecto de lei.

Esta é a questão formal que precisamos abordar. Temos dialogado tanto com o Legislativo quanto com o Executivo para ver a melhor forma de que isso seja uma discussão dentro do próprio Parlamento. Esperamos que, no segundo semestre, tenhamos algo novo nesse sentido. Terminada a conferência, veremos qual o melhor instrumento para trabalhar no projeto.

Agência Brasil – Outros países também estão caminhando nesta direção?

Márcio Pochmann – A própria ONU também está neste movimento. Eles também têm vários bancos de dados. Existe a base de dados do Banco Mundial, do FMI, da UNESCO, da Unicef. Eles têm que ser fragmentados. E isto pode ser integrado numa base de dados que permita o diálogo entre diferentes informações.

Agência Brasil – Você entende que os países em desenvolvimento são mais vulneráveis ​​a esse oligopólio de grandes corporações?

Márcio Pochmann – Há um processo de subdesenvolvimento que resulta desta efervescência que a era digital permite. O que acontece é que o IBGE leva dez anos para fazer um censo. Depois, demora um ou dois anos para posicionar todos os dados e disponibilizá-los, enquanto hoje a política de privacidade do big data, para ter acesso às redes sociais, é preciso aceitar a política de privacidade. E aceitar significa dizer que seus dados não pertencem a você.

Então são dados brutos sobre decisões que foram tomadas em relação à escolha de determinado aplicativo para viajar, às compras realizadas, às formas de pagamento, à música que a pessoa ouve.

São dados brutos, mas essas grandes corporações são capazes de trabalhar com algoritmos sofisticados ou até mesmo com inteligência artificial. A partir desse processamento, torna-se um modelo de negócio.

Mas o que eu realmente entendo, em relação às informações, é que o IBGE faz um censo (a cada dez anos), enquanto o grandes tecnologias faça um censo diário.

Agência Brasil – E são empresas que não estão aqui no Brasil.

Márcio Pochmann – Essas grandes corporações praticamente não possuem seus bancos de dados no Brasil. Praticamente não empregam ninguém e não pagam impostos. Ao mesmo tempo, esses dados brutos retornam na forma de um modelo de negócios altamente lucrativo.

Das dez maiores empresas que operam na Bolsa de Valores dos Estados Unidos, sete são empresas de tecnologia. Há maior regulamentação em geral nos países do Hemisfério Norte. No Sul Global, ainda faltam iniciativas neste sentido. Isso é, aliás, algo que temos discutido no âmbito do Brics (parceria entre economias emergentes do mundo, da qual o Brasil faz parte), uma proposta de organização em bases mais civilizadas.

Agência Brasil – Quais são, na sua avaliação, os dados aos quais estamos mais vulneráveis ​​e aos quais estas empresas têm acesso?

Márcio Pochmann – Para começar, todos os dias essas empresas fazem uma espécie de censo do país. Eles têm todos que usaram a internet, as decisões de compra que tomaram, para onde viajaram, ou seja, informações absolutamente necessárias para quem quer se planejar.

Por exemplo, agora, durante a tragédia no Rio Grande do Sul, quantas pessoas foram atingidas, o que fizeram e como se deslocaram? É possível saber isso pelo movimento do celular.

É uma perda para o país porque não dispõe desta informação que lhe permitiria agir mais rapidamente em circunstâncias em que ainda operamos de forma analógica e não digital.

Por outro lado, a questão que se coloca é que hoje temos empresas estrangeiras que sabem mais sobre o país do que os próprios governantes. Estas empresas têm interesses económicos. Esta questão da soberania é fundamental. Eu diria que sim, do ponto de vista da autonomia, de quem governa o país.

Agência Brasil – Como o sistema também prevê algum tipo de controle, o projeto não pode ser criticado em relação a isso?

Márcio Pochmann – No nosso caso, o que temos a dizer é que o IBGE opera com a Lei do Sigilo. Vamos às casas dos brasileiros, 90 milhões de lares e ninguém tem acesso às informações citadas.

O acesso que queremos ter não tem nome. Não será possível identificar quem são as pessoas que utilizam o celular, por exemplo.

Esta é uma regra básica para poder trabalhar com informações do ponto de vista estatístico. A ideia de controle é muito mais, na verdade, sobre compreender o apoio democrático. O que acontece é que o uso do algoritmo já foi comprovado em situações anteriores, inclusive no uso eleitoral.

Agência Brasil – Os dados também podem trazer benefícios para o sistema público e privado, correto?

Márcio Pochmann – Tomemos um caso simples: estrangeiros vêm ao Brasil acompanhados de salgadinhos do telefone. É possível saber onde embarcaram e para quais cidades vão. Tudo isto, do ponto de vista da organização de uma política de turismo, é muito mais eficiente neste sentido.

Você também pode monitorar os movimentos das pessoas: em que velocidade, em que quantidade, em que horários. São informações que, obviamente, para os responsáveis ​​pela tomada de decisões, podem ser absolutamente fundamentais, seja no setor público ou privado.

Onde você localizará uma loja? Onde está o fluxo de pessoas? São informações que, para o setor privado, certamente ajudariam em relação às ações a serem tomadas. Isso não significa expor as pessoas porque existe sigilo estatístico.

Agência Brasil – E esse sistema seria coordenado pelo IBGE?

Márcio Pochmann – Que. É a instituição que tem credibilidade que vai até a casa das pessoas. As pessoas denunciam porque acreditam que as informações não serão divulgadas.

Não temos a mesma segurança com essas empresas privadas. Há casos já divulgados no Brasil de rede que oferece produto mais barato e o cidadão tem que fornecer seu CPF. Depois, esses discos teriam sido vendidos. Este não é o caso do IBGE. Não temos reclamações nesse sentido.

Agência Brasil – Você entende que temos um prejuízo financeiro para o nosso país em relação a isso?

Márcio Pochmann – Sim, porque há transferência de valores, pagamos royalties. No caso de coordenar este novo sistema nacional de geociências, os custos seriam reduzidos porque agora temos uma diversidade de bases de dados, incluindo empresas privadas que operam este sistema. O que pretendemos é algo que permita uma redução considerável de custos.

Agência Brasil – Você tem ideia de quanto tempo levará para implementar esse sistema?

Márcio Pochmann – Esperamos ter o sistema em 2026, quando o IBGE completará 90 anos.



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