A juíza Maria Carolina Abel Ayoub, da 9ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou três delegados da Polícia Federal, um escrivão de corporação e outras dez pessoas envolvidas em suposta rede de pagamento de propina e propina para dificultar investigações da Delegacia de Repressão ao Crime. Previdência Social (Deleprev) – braço da PF paulista –, entre 2012 e 2015. A sentença surge na esteira da Operação Inversão, inaugurada em 2016, e impõe até 12 anos de prisão por crimes de corrupção e formação de criminoso organização.
Entre os condenados estão os delegados Rodrigo Cláudio Gouvêa Leão (nove anos e quatro meses de prisão), Carlos Bastos Valbão (12 anos, dois meses e 10 dias) e Arnoldo Mozar Costa de Almeida (10 anos, um mês e 27 dias). Eles são acusados de terem negociado e recebido propina de até R$ 500 mil para sabotar a Operação Trânsito, investigação sobre fraudes em exames médicos em agências do INSS na capital paulista.
O escrivão Maurício Rodrigues Serrano recebeu oito anos e dez meses de prisão.
O juiz também impôs a perda do serviço público aos delegados e ao escrivão. A sentença é de primeira instância. Todos podem recorrer.
Segundo o Ministério Público Federal, um dos principais beneficiários do suposto esquema de propina foi Marivaldo dos Bispo dos Reis, dono de uma consultoria previdenciária, que foi apontado como chefe dos crimes investigados na Operação Trânsito.
O Ministério Público narra que ele passou a ser ‘coagido’ a pagar valores que o isentariam de medidas mais duras na investigação da PF, tendo pago pelo menos R$ 500 mil aos delegados, até 2015.
A propina teria libertado Marivaldo de escutas telefônicas, interrogatórios e até de pedido de prisão. Ele já morreu.
Além de Marivaldo, outras quatro pessoas investigadas teriam pago propina aos delegados para evitar investigações, de R$ 10 mil a R$ 22 mil em troca de favoritismo. Eles também foram condenados.
Segundo a denúncia do MPF, as propinas eram pagas por meio de intermediários, que faziam ofertas aos investigados, negociavam os pagamentos e até entregavam o dinheiro aos delegados.
Veja a lista de todos os condenados e as penas impostas a eles
Delegado Carlos Bastos Valbão – 12 anos, dois meses e 10 dias Delegado Rodrigo Cláudio Gouvêa Leão – nove anos e quatro meses de prisão Delegado Arnoldo Mozar Costa de Almeida – 10 anos, um mês e 27 dias Escrivão Maurício Rodrigues Serrano – oito anos e dez meses Dorival Donizete Corres – nove anos, nove meses e 42 dias de prisão José Carlos da Rocha – 12 anos e dez diasManoel Carlos da Silva – nove anos, nove meses e 42 diasMoisés Dias Morgado – seis anos, oito meses e 30 diasMaria Lúcia Ribeiro – nove anos, nove meses e 42 diasEvando Avelino – oito anos e dois mesesMiguel Minarro Pinar – oito anos e dois mesesCláudio Ademir Mariano – seis anos e oito mesesKleber Mejorado Gonzaga – seis anos e oito mesesRodolfo Catarino da Silva – seis anos e seis meses
Ó Estadão pediu manifestação dos delegados, via PF.
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