O preço médio da celulose no mercado internacional aumentou 45% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado e “salvou” a balança comercial de Mato Grosso do Sul, que mesmo assim fechou com queda de 6,2% no volume faturado.
No ano passado, a receita atingiu 5,435 bilhões de dólares, ante 5,098 bilhões no mesmo período de 2024. A soja continua sendo o principal produto, com receita de US$ 1.934.548.160,00. Mas a receita está 18% abaixo do primeiro semestre do ano passado, quando as vendas externas totalizaram US$ 2.379.771.387,00.
A quantidade vendida de soja caiu apenas 1,9%, mas o problema foram os preços do principal produto da economia sul-mato-grossense, que caíram mais de 15% entre um ano e outro.
Exatamente o oposto aconteceu com a celulose. No ano passado, o valor médio por tonelada foi de US$ 351,00. Este ano, saltou para o valor médio de US$ 509,00. A quantidade de celulose exportada caiu 6,6% no primeiro semestre, mas o faturamento das empresas saltou de 771,6 milhões de dólares para 1,044 bilhão de dólares, um aumento de 45% no valor por tonelada.
E a partir deste segundo semestre as vendas desse produto deverão ter forte evolução, já que a partir de agosto as vendas da fábrica de Ribas do Rio Pardo deverão aparecer na balança comercial, que promete começar a operar até o final de julho. A capacidade da fábrica gira em torno de 210 mil toneladas por mês, mas no início das atividades tende a produzir apenas metade disso.
As 2,050 milhões de toneladas exportadas este ano foram todas produzidas em duas unidades em Três Lagoas, onde a Suzano opera uma fábrica e o grupo J&F outra (Eldorado). Essa unidade dos irmãos Batista pretende dobrar a produção, o que exigirá investimentos de até R$ 15 bilhões.
Pela previsão, a partir de 2028 entrará em operação uma quarta unidade de produção de celulose. Com investimento da chilena Arauco, começou a ser implantado na Inocência e a previsão é que receba investimentos de até R$ 28 bilhões ao final da segunda etapa. Quando estiver pronto, terá capacidade para produzir até cinco milhões de toneladas de celulose por ano.
MINÉRIO
E não foi só a soja que perdeu valor este ano. O preço do minério de ferro também despencou. No ano passado, em média, a tonelada rendeu US$ 124,3 à economia de Mato Grosso do Sul. Em 2024, esse valor caiu 44%, para apenas US$ 69,4 por tonelada.
Como se não bastasse a queda do preço, o volume das exportações também sofreu um duro golpe, pois simplesmente faltou água no rio Paraguai. A quantidade de minérios exportados caiu 20%, passando de 2,96 milhões de toneladas para 2,37 milhões.
Devido à seca, a tendência é que o volume caia ainda mais nos próximos meses. Nesta segunda-feira (8), o nível do rio Paraguai amanheceu em apenas 86 centímetros, 50 centímetros abaixo do que estava há um mês na régua Ladário, principal referência para medição do principal rio Pantanal.
A partir do momento em que a água cai abaixo de um metro, o transporte de minério dos portos de Corumbá e Ladário fica suspenso. Antes, porém, quando estava entre 1,5 metro e 1 metro, as embarcações já desciam o rio com cargas incompletas.
Ou seja, nos próximos quatro ou cinco meses, as exportações de minério de Mato Grosso do Sul deverão praticamente desaparecer dos dados da balança comercial, pois falta água na hidrovia e o transporte rodoviário se limita ao abastecimento do mercado interno.
CARNE BOVINA
Se a soja e os minerais perderam espaço, o oposto aconteceu com a carne bovina. A receita aumentou 23%, de US$ 443 milhões para US$ 546,8 milhões. A explicação é o aumento das vendas, principalmente para o mercado chinês, que viabilizou novos refrigeradores estatais.
De 92.638 toneladas houve um salto para 116.720 toneladas. Porém, o preço médio caiu 2% de um ano para outro, passando de US$ 4.782 a tonelada para US$ 4.685. Contudo, tendo em conta que a cotação do dólar no primeiro semestre aumentou 11%, a receita do sector manteve-se estável.
Com a carne de frango, porém, houve uma verdadeira queda nos preços. Os preços das toneladas este ano caíram 14%, de US$ 2.285 para US$ 1.964. O Estado aumentou o volume exportado em três mil toneladas, mas a receita caiu pouco mais de 10,6%.
GÁS BOLIVIANO
O desempenho da balança comercial, que este ano teve superávit de US$ 3,715 bilhões, marcando uma redução de 3,8% em relação a 2023, não foi maior devido à queda nas importações de gás boliviano.
Este ano, o valor das importações de gás boliviano caiu 14%, passando de 729 milhões de dólares para 603 milhões de dólares. Porém, para os cofres estaduais essa queda é extremamente prejudicial, pois o Estado recolhe ICMS sobre essas importações. E, quando o volume cai, a receita cai no mesmo ritmo.
Segundo o secretário da Semades, Jaime Verruc, “isso impacta a nossa receita. Mas há uma justificativa, que é a falta de capacidade de fornecimento de gás natural da Bolívia. Poços bolivianos mostram queda na produção. Não há investimentos exploratórios em novas fontes de gás boliviano e a consequência é a queda nas importações”, explicou o secretário.
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