De olho no desempenho nas urnas, os pré-candidatos petistas a prefeito apostam no vínculo com a primeira-dama Janja da Silva para se fortalecerem.
Antes mesmo das convenções, a ideia dos candidatos e do partido é preparar um material de divulgação com a primeira-dama para decolar como opção entre o eleitorado de esquerda.
A direção nacional do PT já definiu que Janja terá um papel importante nas eleições deste ano, principalmente apoiando candidaturas femininas.
Entre os pré-candidatos já definidos pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão Maria do Rosário (Porto Alegre), Camila Jara (Campo Grande), Natália Bonavides (Natal), Adriana Accorsi (Goiânia), Candisse Carvalho (Aracaju), Dandara (Uberlândia), Margarida Salomão (Juiz de Fora) e Marília Campos (Contagem).
Para acelerar a estratégia, o PT programou para esta semana, de amanhã a quarta-feira, sessões fotográficas com a primeira-dama e ministros, como Margareth Menezes (Cultura), Cida Gonçalves (Mulheres) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais).
Foram convocados todos os pré-candidatos e pré-candidatos do partido nas cidades com mais de 100 mil eleitores.
— Acho que todos os candidatos convidados virão. Teremos também fotos com ministros — disse a deputada federal Dandara, que concorrerá à prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e aparece bem posicionada nas pesquisas internas.
Gire no maior
Apesar disso, o PT ainda não definiu como será a participação da primeira-dama nas plataformas. A expectativa é que Janja viaje pelo Brasil participando de eventos de campanha e grave vídeos para pré-candidatos, mas os detalhes do passeio pelo país só serão definidos depois que o PT fechar acordo sobre todas as candidatas que lançará.
— Estamos terminando de definir e mapear todas as candidatas e depois ver com ela como é e onde seria a participação — disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
A vice-delegada Adriana Accorsi é uma das que acredita que a primeira-dama precisa ter protagonismo nas disputas:
— Já tivemos reuniões da bancada feminina com ela e certamente teremos outras. Também a encontro em outros eventos, principalmente relacionados aos direitos das crianças, adolescentes e mulheres.
A primeira-dama é socióloga e uma das principais vozes ligadas ao governo que defendem uma maior participação feminina na política. Como mostrou ao GLOBO em fevereiro, Janja tem participado de reuniões internas sobre candidatas mulheres e defende que o PT tem a meta de atingir perto de 50% de participação do segmento nas pré-candidaturas.
Inicialmente, a previsão era que a primeira-dama tivesse uma participação mais ativa na fase de pré-campanha, no início do ano. Mas, segundo avaliação de alguns nomes do partido nas disputas, as enchentes no Rio Grande do Sul o levaram a mudar o foco.
‘Madrinha’ nas redes
Antes mesmo de a primeira-dama entrar na campanha, petistas já se vinculavam a Janja em seus perfis nas redes sociais:
“É preciso combater, todos os dias, a desigualdade de género num país onde somos menos de 18% da Casa do Povo. Janja é um símbolo desse enfrentamento”, declarou Camila Jara ao compartilhar foto com a primeira-dama durante reunião com o grupo do Congresso de Mulheres no Palácio da Alvorada.
O caminho para Camila ser definida como pré-candidata passou por obstáculos. Inicialmente, uma ala petista no Mato Grosso do Sul, liderada pelo ex-governador petista Zeca, negociou a possibilidade de uma aliança com a União Brasil.
Apesar disso, o partido da cidade preferiu não apostar na aproximação com o partido de Lula, e Zeca, do PT, recuou. Ele será vice de Camila Jara.
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