A maneira extrovertida e direta de Cissa Guimarães Ele é um velho conhecido do público. Na TV há mais de quatro décadas, a atriz e comunicadora ansiava por um projeto que a afastasse do zona de conforto que uma carreira longa e diversificada pode proporcionar. Aberta ao mercado após o término do contrato com a Globo, em 2021, Cissa foi surpreendida pelo convite inusitado para comandar o icônico ”Sem censura”de TV Brasil.
Num momento em que ela queria voltar aos estúdios e a produção precisava de mais força e visibilidade, a proposta se mostrou boa para os dois lados.”É um programa muito importante para a TV brasileira. Assumir esta bancada é uma grande responsabilidade. Portanto, é lindo participar dessa renovação e sentir o carinho do público”, afirma.
Carioca de sotaque carregado e pele bronzeada, Cissa formou-se em Química, mas acabou seduzida pelo teatro, onde estreou profissionalmente no final dos anos 1970. Em 1980, chegou à TV com um pequeno papel em ”Coração Alado” e logo conquistou personagens de destaque em produções como ”Final Feliz” e ”Um Sonho a Mais”. A partir de 1986, passou a dividir a carreira de atriz e repórter do extinto Vídeo Show, que terminou com sua participação também como apresentadora em programas como Você Decide e É De casa ”. “Tenho muito orgulho de ter feito tantas coisas legais na TV”, analisa ela. Aos 67 anos, sua atuação tem lugar fixo no teatro, onde estrela o sucesso ”Doidas e Santas”, de Martha Medeiros.
Em atividade desde 2010 e com mais de 500 mil telespectadores, o projeto não para de crescer. ”Apesar das dificuldades de fazer teatro no Brasil, é incrível ver as casas lotadas e a identificação do público com o texto. Tenho muito orgulho de fazer essa peça há tanto tempo e nosso objetivo é continuar viajando e conhecendo pessoas. Nunca estivemos em Manaus, por exemplo, e adoraria fazer a peça lá”, avisa.
P – Você está fora do ar desde que saiu do “É de Casa” em 2021. Qual a sua avaliação sobre esse retorno à televisão, liderando agora um programa tão clássico como o “Sem Censura”?
R – A resposta do público superou as expectativas. É um programa feito com muito carinho e a emissora consegue mensurar a boa repercussão tanto na transmissão oficial quanto nas reprises do canal TV Brasil no YouTube. Isso mostra que nossas conversas estão alcançando pessoas de diversas idades, renovando o público do programa e o meu também (risos).
P – Em tempos de furor e polaridade social. Como é ser o rosto de um programa onde os debates e as opiniões estão na ordem do dia?
R – Acreditamos na pluralidade. Acho que acalma o clima. Nas primeiras semanas, recebi alguns ataques e ódio. Estou na televisão há muitos anos e as pessoas falam mal de mim, sei que faz parte do jogo e a tática é se afirmar e seguir em frente. Minha prioridade é fazer um bom programa e não dar atenção aos haters.
P – Muitos apresentadores passaram pelo “Sem Censura” ao longo dos anos. Você ficou preocupado com possíveis comparações?
R – ”Sem Censura” é um programa em que ele mesmo é a estrela, o que mudou foi a minha presença. O formato continua icônico e pertinente à sociedade brasileira. Tenho uma dinâmica de condução diferente, o que acho que aproxima o público. Nunca imaginei estar na bancada, foi um choque quando recebi o convite, mas aceitei na hora, sem nem pensar muito.
P – Por quê?
R – Pela importância do projeto e pelo nível de dedicação que exige. Minha vida agora é casa, TV Brasil, estudo, casa, TV Brasil. E teatro no fim de semana. Só trabalho, mas estou muito feliz e realizado com tudo que vem acontecendo na minha carreira.
P – A peça ”Doidas e Santas” continua cativando o público de todo o Brasil desde 2010. Qual a importância do espetáculo na sua trajetória?
R – É a minha comunicação direta com as pessoas. A história é completamente atemporal, adequada para qualquer momento da vida. É sobre o ser humano e sua eterna busca pela felicidade. Não mudamos nada no texto da peça desde a estreia. Já passamos por vários momentos difíceis, mas o espetáculo continua forte e lota os cinemas. O prazer que sinto em ver o amor do público é absurdo. Ninguém destrói o teatro. O teatro salva.
”Sem censura” – TV Brasil – Segunda a sexta, às 16h.
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