Julie-Pascale Moudouté, embaixadora do Gabão no Brasil, disse que seu filho de 13 anos está traumatizado depois que ele e outros dois amigos, todos negros, foram abordados violentamente pela Polícia Militar no Rio de Janeiro, na terça-feira (3). Os outros dois meninos também são filhos de diplomatas, um do Canadá e outro de Burkina Faso.
Moudouté vê sinais claros de racismo no comportamento dos policiais. Outros dois amigos brancos que estavam com eles no momento da abordagem não teriam sofrido os mesmos ataques.
“O que achamos estranho é que só os três foram contra a parede. Eles são de nacionalidades diferentes e negros. Precisamos de uma explicação para isso também. Acreditamos na Justiça Brasileira. O trauma dos meninos não é algo de apenas um dia. Vai ficar e teremos que cuidar disso”, disse o embaixador, em entrevista ao TV Brasil.
Um vídeo mostra a polícia chegando com armas em punho e colocando os adolescentes contra a parede. Julie-Pascale Moudouté disse que, a princípio, o filho não falou muito sobre o episódio. Só depois de terem acesso às conversas que trocou com o irmão mais velho é que compreenderam a real dimensão dos ataques e ficaram em estado de choque.
“Eles têm apenas 13 anos. Colocar uma arma na cabeça de um menino, imagina como isso o afeta? Ele nunca viu uma arma, nem mesmo um brinquedo. Porque na nossa casa não oferecemos esse tipo de brinquedo. Uma criança de 13 anos sendo abordada de forma tão violenta, contra uma parede? Ter que mostrar seus órgãos genitais? Em primeiro lugar, a abordagem deve ser respeitosa. Pergunte sobre os pais, porque são menores. E não saia do veículo armado”, afirma o embaixador.
Investigações
A assessoria de imprensa da Polícia Militar afirmou que os policiais envolvidos na ação usavam câmeras corporais e que as imagens serão analisadas para saber se houve excesso por parte dos agentes.
“Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar inclui disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais na grade curricular como prioridade absoluta para os praças e oficiais que compõem o quadro de pessoal da Corporação”, diz publicação observação. pela PM.
A Polícia Civil informou que após a divulgação da notícia sobre o ocorrido, a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) iniciou uma investigação. Os agentes buscarão ouvir os adolescentes abordados.
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