Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) caíram pelo quarto dia consecutivo no Brasil, dando continuidade ao mais recente movimento de retirada de prêmios da curva a termo, após mudança de tom no discurso do governo na área fiscal, e em em linha com a queda constante dos rendimentos do Tesouro no exterior, após a divulgação do .
Com o movimento desta sexta, as taxas futuras acumularam quedas próximas a 40 pontos-base durante a semana em alguns vencimentos, o que dá uma medida do tamanho do saque de prêmios nos últimos dias.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,59%, ante 10,622% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,24%, ante 11,292% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,55%, ante 12,602%.
Entre os contratos mais longos, a alíquota para janeiro de 2031 foi de 12,03%, ante 12,116%, e o contrato de janeiro de 2033 teve alíquota de 12,03%, ante 12,131%.
Desde quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva moderou seu discurso, deixando de atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o atual nível das finanças e o mercado financeiro em eventos públicos.
Além disso, Lula voltou a defender o equilíbrio fiscal, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quarta-feira a intenção do governo de cortar despesas obrigatórias de 25,9 bilhões de reais no Orçamento para 2025.
Esta moderação no discurso do governo, que fez com que as taxas de juro futuras despencassem nos últimos dias, continuou a influenciar os negócios desta sexta-feira.
Em evento em Osasco, Lula defendeu gastos na área social, mas voltou a dizer que o país não vai à falência porque o governo tem “responsabilidade”. Pelo terceiro dia consecutivo, Lula não criticou Campos Neto nem o nível da Selic, hoje em 10,50% ao ano.
Além do fator interno, as taxas caíram devido ao cenário externo, onde os rendimentos do Tesouro caíram novamente com os investidores precificando maiores chances de corte nas taxas de juros em setembro, após revisões para baixo nos dados da folha de pagamento e aumento da taxa de juros.
A folha de pagamento mostrou que os EUA abriram 206 mil empregos fora do setor agrícola em junho, bem acima dos 190 mil esperados pelos economistas, segundo uma pesquisa da Reuters. Contudo, os números de Maio sofreram uma forte revisão, passando de 272 mil novos empregos para 218 mil, e a taxa de desemprego subiu de 4,0% para 4,1% em Junho.
Nesse cenário, próximo ao fechamento desta sexta-feira, a curva a termo precificou 82% de chance de manutenção da taxa Selic ao final deste mês e 18% de chance de aumento de 25 pontos base na taxa básica. No início da semana, antes da moderação no discurso de Lula, a maioria apostava na alta da Selic – algo que o próprio BC indicou não estar em seu cenário base.
Às 16h34, a referência global para decisões de investimento caía 7 pontos base, para 4,278%.
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