Oposição pede a militares que “respeitem e façam respeitar” as eleições na Venezuela

O principal candidato da oposição venezuelana, Edmundo González, pediu nesta sexta-feira(5) às Forças Armadas, principal apoio do presidente Nicolás Maduroque “respeitam e fazem respeitar” o resultado das eleições de 28 de julho, que garante vencerão.

“Devem ser guardiões da nossa Constituição e garantes do respeito pela decisão do povo soberano”, escreveu González numa declaração pública no Dia da Independência da Venezuela, celebrado neste 5 de julho com um desfile militar.

“O povo confia que a sua instituição militar respeita e garante o respeito pela sua vontade soberana”, acrescentou.

“Convido vocês para uma nova fase que se iniciará em nosso país, na qual vocês mais uma vez terão papel de destaque”.

González, com o apoio da líder popular María Corina Machado, está à frente na maioria das sondagens para as eleições presidenciais, nas quais Maduro aspira a ganhar um terceiro mandato que o levaria a 18 anos no poder.

Comandante-em-chefe das Forças Armadas, Maduro deverá liderar o tradicional desfile de 5 de julho. No dia 24 de junho, num evento para assinalar o 203º aniversário da Batalha de Carabobo, que selou a independência de Espanha, agradeceu aos militares pela sua “lealdade” e criou uma nova patente militar.

Presidente desde 2013, Maduro deu amplo poder aos militares, que controlam – além de armas – empresas de mineração, petróleo e distribuição de alimentos, bem como alfândegas e ministérios importantes.

Para a oposição e especialistas, que denunciam redes de corrupção que enriqueceram muitos dirigentes, a politização da instituição começou com o seu antecessor, o falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), que veio das Forças Armadas.

A atual saudação militar começa com “Chávez vive”. Os militares apresentam-se nos eventos oficiais “como socialistas, revolucionários, antiimperialistas e, sobretudo, profundamente chavistas”.

Para Machado, politicamente incapacitado, o papel dos militares “será crucial” porque garantirá a transição para a democracia, segundo um vídeo nas redes sociais.

“Membros das Forças Armadas, a nação precisa de vocês, a Constituição deve ser o seu norte e guia”, acrescentou.

“Estamos convencidos de que os nossos militares garantirão uma transição legítima e ordenada… Convido-vos a participar decisivamente neste futuro iminente e brilhante. Não nos falhem e nós não falharemos convosco!”