Nigel Farage, figura emblemática da extrema direita britânica, conseguiu levar seu partido, o Reform UK, ao Parlamento, com quatro representantes nas eleições de quinta-feira (4).
Apesar de ser o oitavo partido com maior número de assentos, o Reform UK foi o terceiro mais votado, com 14,3% dos votos, à frente apenas dos trabalhistas (33,7%) e dos conservadores (23,7%), segundo dados quase definitivos.
O Partido Liberal Democrata, terceiro em número de deputados, com 71, atrás dos Trabalhistas (412) e dos Conservadores (121), com dois círculos eleitorais ainda por contar, teve uma percentagem de votos inferior (12,2%) à formação de extrema-direita, fundada em 2019.
Nas eleições britânicas, apenas o vencedor de cada um dos 650 círculos eleitorais ganha a cadeira.
“Isso é enorme, é muito”, vangloriou-se Nigel Farage, de 60 anos, durante um pequeno vídeo no X intitulado “A revolta contra o sistema começou”.
Pela primeira vez, obteve um assento no Parlamento, na oitava tentativa.
O resultado poderá dar asas a este antigo eurodeputado, um dos promotores do Brexit, que pretende fazer do seu partido a principal força da oposição até às próximas eleições legislativas de 2029, ocupando o lugar dos Conservadores, derrotados pelos Trabalhistas na quinta-feira.
– “Declínio social” –
Inspirado por Donald Trump, de quem gosta há anos, Farage provocou uma reviravolta na campanha ao anunciar, em 3 de junho, que era candidato pelo Reform UK, por Clacton-on-Sea, uma cidade costeira a leste de Londres.
Farage é um bom orador, conhece o medo do metro, denuncia que vive num país em “declínio social”, com serviços públicos “defeituosos”.
O político insiste que a migração está fora de controlo, falando numa “invasão das Ilhas Britânicas”, denunciando políticas amigas do ambiente que, segundo ele, empobrecem o cidadão comum.
Formado nas melhores escolas privadas, tendo iniciado a sua carreira no mercado de trabalho financeiro em Londres, é carismático, sarcástico e provocador.
Farage está longe de ser uma incógnita. Em 1993, este antigo conservador esteve por trás da criação do partido UKIP (Partido da Independência do Reino Unido).
Ganhou um assento como eurodeputado em 1999 e foi reeleito três vezes, até 2020. Liderou o UKIP de 2006 a 2016, exercendo pressão sobre o primeiro-ministro conservador David Cameron, que organizou o referendo sobre a saída da União Europeia (UE) em 2016.
Após a aprovação do Brexit, que foi o seu momento de maior orgulho, segundo ele, Farage deixou a liderança do UKIP.
Em 2016, visitou o ex-presidente americano Donald Trump, que o apelidou de Mister Brexit.
– Orgulhoso do Brexit –
Farage criou uma nova formação política em 2019, o Partido Brexit, que se tornou Reform UK em 2021, e depois iniciou uma carreira lucrativa como comentador político na rádio e depois na televisão, no canal conservador GB News.
Antes das eleições legislativas de quinta-feira, ele já não tinha conseguido ser eleito para a Câmara dos Comuns sete vezes.
Farage apela a uma “rebelião política”, critica as elites e os meios de comunicação.
A sua opinião de que o Ocidente tinha “provocado” a guerra na Ucrânia suscitou fortes críticas, tal como as declarações racistas e homofóbicas atribuídas aos activistas ou candidatos do seu partido.
Mas o pai de quatro filhos, duas vezes divorciado e avô desde 23 de junho, não se importa com as críticas e está determinado a liderar sua “revolta” popular.
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