Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A cotação caiu acentuadamente no Brasil nesta quinta-feira, voltando para menos de 5,50 reais, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu, na véspera, a recente série de ataques ao Banco Central e à política monetária, reforçando por outro lado, o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.
A moeda norte-americana à vista encerrou o dia cotada a 5,4863 reais na venda, queda de 1,49%. Em 2024, porém, a moeda ainda acumulará alta de 13,08%. Na terça-feira, antes da mudança de tom do governo, o dólar era negociado a 5,70 reais.
Às 17h19, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento caía 1,17%, a 5,5040 reais na venda.
Com os mercados fechados nos Estados Unidos devido a feriado, a liquidez foi menor no Brasil esta quinta-feira, com os investidores focados exclusivamente em Brasília.
Na sessão desta quarta, Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual patamar da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.
À noite, com os mercados já fechados, foi a vez do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do marco fiscal e que a equipe econômica já havia identificado 25,9 bilhões de reais em despesas obrigatórias a serem cortadas no Orçamento de 2025.
Nesta quinta-feira, Lula participou mais uma vez de dois eventos públicos no interior de São Paulo, mas, assim como na véspera, não fez críticas ao Banco Central nem à política monetária. Nesse cenário, o dólar voltou a sofrer pesadas perdas frente ao real, voltando a ficar abaixo de 5,50 reais.
“(Houve uma) mudança muito clara no tom que estava sendo usado (pelo governo) na segunda e na terça. Então o mercado desarmou completamente ontem, com a bolsa subindo, a curva de juros caindo bem e o real se valorizando muito”, disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado aos clientes pela manhã. “Hoje o movimento continua.”
Após atingir máxima de 5,5097 reais (-1,07%) às 9h02, logo após a abertura, o dólar à vista registrou mínima de 5,4668 reais (-1,84%) às 9h58.
“Naturalmente, a situação interna melhorou. Se a folha de pagamento amanhã (sexta) e o IPC aumentarem os juros cortados pelo Fed, poderemos ver o real continuar se valorizando”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em referência aos próximos lançamentos econômicos de peso nos Estados Unidos.
Esta quinta-feira, com o mercado norte-americano fechado, a liquidez no exterior também foi reduzida. Às 17h10, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – caía 0,16%, para 105,130.
(Edição de Alexandre Caverni)
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