Ao retornar de uma intensa agenda de viagens pelo país para inaugurar obras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje com a equipe econômica para discutir a situação das contas públicas.
A reunião acontece um dia depois de suas novas declarações contra o Banco Central terem feito o dólar disparar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje com sua equipe econômica para discutir novas ações para reduzir despesas e equilibrar as contas públicas.
A reunião foi anunciada ontem pelo petista em meio à retomada dos ataques ao Banco Central e ao mercado financeiro, o que contribuiu para agravar ainda mais a tensão vista nos últimos dias. A equipe econômica busca medidas para equilibrar as contas públicas, na tentativa de sinalizar ao mercado que está comprometida em fazer um ajuste nos gastos.
Nos bastidores, porém, a liderança da equipe econômica avalia que, para conter a alta do dólar, Lula precisará recuar em sua cruzada contra o Banco Central e o atual chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. Porém, ninguém arrisca dizer que o presidente ficará convencido disso.
— Nossa agenda com o presidente (nesta quarta) é exclusivamente fiscal, para apresentar propostas para cumprimento do marco de 2024, 2025 e 2026 — disse Haddad aos jornalistas.
Além de Haddad, o encontro também deverá contar com a participação da ministra do Planejamento, Simone Tebet, da ministra da Gestão, Esther Dweck, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ainda não há horário definido, mas deve acontecer à tarde.
Integrantes da equipe econômica até admitem, com ressalvas, que há uma certa “implicação” do mercado com o governo, mas veem as ações recentes do petista como o combustível ideal para os especuladores.
Esta visão é partilhada nos bastidores, mas é cada vez mais evidente nas reiteradas declarações do Ministro das Finanças, Fernando Haddad. Ontem, ele foi explícito ao dizer que é preciso ajustar a “comunicação” sobre a autonomia do Banco Central e o compromisso do governo com o quadro fiscal.
— O melhor a fazer é acertar na comunicação — disse o ministro aos jornalistas do Ministério das Finanças. — Não vejo nada fora disso: autonomia do Banco Central e rigidez do quadro fiscal. Isso é o que vai tranquilizar as pessoas.
Na noite anterior, o ministro havia dito que muito “ruído” pressionava o preço do dólar e que o governo precisava informar melhor seus resultados. Haddad sabe que essa comunicação passa pelo Presidente da República e vem tentando encaixar seu desejo de alertá-lo em suas declarações.
Integrantes da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembram que o dólar vem ganhando força no mundo todo, mas o real está sendo mais penalizado do que outras moedas de países emergentes. Portanto, não é possível ignorar questões internas. A expectativa da equipe econômica é conseguir destravar parte da agenda de corte de gastos na reunião desta quarta.
Ideias já descartadas
Segundo técnicos da equipe econômica, um dos principais problemas é o fechamento das contas públicas em 2025. A proposta orçamentária está em fase de elaboração e precisa ser enviada ao Congresso Nacional em agosto.
Durante a reunião, os ministros apresentarão projeções com receitas e despesas para saber exatamente como está o descasamento das contas, disse um interlocutor.
No entanto, o presidente já descartou medidas que afetem os mais pobres, como a dissociação dos benefícios previdenciários e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo. Lula também indicou que não deveria alterar os gastos com militares no curto prazo.
Em entrevista ontem a uma rádio baiana, Lula atribuiu a valorização da moeda americana nos últimos dias a um jogo “especulativo” e de “juros” contra o real e anunciou que o governo estuda tomar algumas medidas para conter a escalada, sem, no entanto, dizer qual.
Lula também retomou os ataques a Campos Neto ao afirmar que vê “viés político” nas decisões da autoridade monetária, que no mês passado interrompeu a sequência de cortes de juros e manteve a taxa Selic em 10,50%.
O petista tem feito sucessivas críticas a Campos Neto e chegou a afirmar que o vê como um adversário político, devido à sua proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apontado como possível candidato presidencial pelo próprio presidente.
Em Portugal, onde participou de evento do BCE (Banco Central Europeu), Campos Neto rebateu o petista afirmando que era preciso dissipar a “narrativa” de que sua gestão à frente do BC atende a algum lado político.
Na contramão de Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu a autonomia do Banco Central do Brasil. Para ela, o modelo atual, adotado no governo Jair Bolsonaro, é “saudável”. A ministra, porém, afirmou acreditar que um ano de mandato após as eleições presidenciais seria “mais que suficiente” para se adaptar e “passar o testemunho”.
— Acho que a autonomia do BC seria saudável, mas questionei os dois anos do presidente do BC em governos anteriores. Acho que um ano é mais que suficiente, que é o momento de se adaptar e passar o bastão. Não porque isso signifique interferência do Executivo ou do Legislativo no Banco Central. Isso não é permitido porque existe autonomia do BC — disse Tebet a jornalistas após participar de audiência no Senado.
Veja também
LOTERIA
Bolão pernambucano bate na esquina da Mega-Sena e receberá mais de R$ 109 mil
PEC DO BC
Jabuti na PEC da autonomia do BC blinda cartórios e pode limitar a moeda digital ‘Drex’
empréstimo itaú pessoal
divida banco pan
refinanciamento de empréstimo consignado bradesco
taxas de juros inss
empréstimo de valor baixo
simulador de empréstimo consignado banco do brasil
quitar emprestimo fgts banco pan