Mais de 200 candidatos a um deputado que passou ao segundo turno das eleições legislativas na França, marcado para domingo (7), retiraram suas candidaturasprincipalmente para tentar impedir uma maioria absoluta da extrema direita, segundo uma contagem da AFP.
O Reagrupamento Nacional (RN) de ultradireita de Marine Le Pen e seus aliados venceram o primeiro turno em 30 de junho com um terço dos votos e poderiam, segundo as projeções, alcançar a maioria absoluta de 289 deputados.
O sistema eleitoral francês de votação, no qual 577 deputados são eleitos em círculos eleitorais com um sistema de maioria de duas voltas, elevada participação e dispersão eleitoral, abriu caminho para mais de 300 segundas voltas com três candidatos ou mais.
Perante este cenário, a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e a aliança de centro-direita do Presidente Emmanuel Macron reactivaram a chamada “frente republicana”, com o objectivo de isolar a extrema direita e impedir a sua vitória em cada círculo eleitoral.
Os rivais do RN retiraram, com exceções, seus candidatos que ficaram em terceiro lugar em cada distrito eleitoral para aumentar as chances do outro candidato “republicano” em um duelo no segundo turno contra um ultradireitista.
O candidato ultradireitista a primeiro-ministro, Jordan Bardella, denunciou “alianças de desonra” e pediu aos eleitores uma maioria absoluta “face à ameaça existencial à nação francesa” que, na sua opinião, a coligação de esquerda representa .
Das 214 demissões registadas pela AFP, 127 são de candidatos de esquerda e 81 da aliança de Macron. Candidatos de outros partidos também desistiram, inclusive dois do RN por outros motivos. O prazo para confirmação das candidaturas terminou às 18h00 (hora local).
As desistências reduziram para 110 o número de segundo turnos com três ou mais candidatos, segundo contagem da AFP.
Diante da possibilidade de um dos outros blocos obter maioria absoluta na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), e o RN não conseguir, a ideia de uma “grande coalizão” começa a surgir no debate público na segunda economia da União Europeia.
A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) – partido considerado “extremista” pelo governo e membro da coligação de esquerda – descartou esta terça-feira, segundo o seu líder Manuel Bombard, participar numa possível grande coligação.
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