Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Vale (BVMF) informou nesta terça-feira que seu conselho de administração buscará reconstruir seu quadro de funcionários “rapidamente”, depois que duas demissões em menos de quatro meses deixaram o conselho com menos conselheiros independentes do que o exigido pelo regras internas da empresa.
As demissões ocorreram em meio a tensões no conselho de administração, relacionadas ao processo de sucessão do presidente Eduardo Bartolomeo, cujo mandato termina no final deste ano, segundo duas fontes disseram à Reuters sob condição de sigilo.
Com a saída dos dois membros, o número de conselheiros independentes no conselho passará a ser seis, abaixo dos sete exigidos pelo estatuto social da companhia. Sem ambos, o conselho ficou com um total de 11 membros.
Não ficou imediatamente claro se um conselho incompleto interrompe algum processo na empresa. O conselho tem competência exclusiva, por exemplo, para decidir sobre a escolha do presidente da empresa.
Os novos membros que serão indicados servirão até a próxima Assembleia Geral Extraordinária, que será convocada posteriormente, segundo a Vale. A seleção do nome será realizada pela consultoria Korn Ferry.
Na véspera, a conselheira Vera Marie Inkster renunciou ao cargo, segundo comunicado da mineradora, que não informou o motivo e agradeceu pelos serviços prestados desde 2023.
Segundo uma das fontes, a decisão do Inkster teria ocorrido após divergências em reunião do colegiado na última sexta-feira, a respeito da conclusão de uma investigação independente realizada por TozziniFreire Advogados, a respeito dos procedimentos adotados para deliberação sobre o processo sucessório de Bartolomeo.
A conclusão de TozziniFreire, apresentada ao conselho na sexta-feira, foi que a governança da empresa foi respeitada de acordo com as competências previstas no estatuto social, nas políticas e nos regulamentos internos, segundo comunicado da Vale nesta sexta-feira.
A saída do Inkster ocorreu após a renúncia do então independente José Luciano Duarte Penido, em março, quando enviou uma carta ao presidente da empresa, apontando que o processo de sucessão do CEO da mineradora estava sendo conduzido de forma manipulada, com influência política. , segundo documento visto pela Reuters na época.
“A renúncia de Marie, que é uma conselheira estrangeira independente, traz a carta ao valor presente. Esses são os dados. E está claro que o conselho administrativo está em uma grave crise”, disse a segunda fonte à Reuters no dia anterior. sob condição de sigilo.
Penido defendeu a renovação do mandato de Bartolomeo, segundo a Reuters publicou na altura junto de uma fonte. Mas o conselho também decidiu em março, por grande maioria, manter o CEO no cargo apenas até ao final deste ano.
Atualmente está definido que Bartolomeo apoiará a transição para a nova liderança no início do próximo ano e atuará como conselheiro até 31 de dezembro de 2025, conforme informado anteriormente pela Vale.
A definição ocorreu depois que o governo criticou os rumos da mineradora e deu sinais públicos de que buscaria influenciar a escolha de um novo executivo. O conselho da Vale, porém, tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da empresa.
Desde que a Vale passou a ter controle disperso, novas regras foram estabelecidas na mineradora para tentar blindar a governança corporativa da empresa de interferências políticas.
A empresa também tem como importante acionista a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BVMF:), que é uma instituição de economia mista controlada pelo Estado brasileiro.
(Por Marta Nogueira)
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