Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A COFCO International, gigante do setor de comercialização e processamento de produtos agrícolas, projeta potencial aumento na safra brasileira em 2024/25, enquanto se prepara para operar um novo terminal de exportação no próximo ano, que será um dos maior no porto de Santos.
Em entrevista à Reuters, o novo CEO de Grãos e Oleaginosas da COFCO International no Brasil, Luiz Noto, reforçou que na próxima safra a empresa chinesa começará a operar a primeira fase do novo terminal no porto de Santos. Quando a segunda fase estiver concluída, em 2026, a capacidade de exportação da empresa aumentará para 14 milhões de toneladas, face aos actuais 4,5 milhões de toneladas.
A COFCO não revelou quanta capacidade adicional terá em 2025, afirmando apenas que começará a operar no primeiro semestre do ano. A maior parte dos volumes deve ser soja e milho, mas a empresa também deve trabalhar lá com outros produtos que comercializa no país, de onde exporta, e.
“A COFCO tem um enorme potencial de crescimento e um plano robusto para se tornar cada vez mais relevante nos mercados em que atua na América Latina, especialmente no Brasil”, disse Noto, em entrevista por email.
“A empresa continuará investindo no país com foco em sua estratégia de aumentar a capacidade de originação com crescimento sustentável no longo prazo”, acrescentou ele, que foi nomeado em maio para o novo cargo na COFCO, após trabalhar por 21 anos na concorrente Archer Daniels Midland, onde ocupou o cargo de diretor de óleos e biodiesel.
Noto explicou que, no total, a COFCO está investindo 285 milhões de dólares em duas fases de construção do porto de Santos, o maior da América Latina. A primeira envolve quase 90% das chamadas instalações STS-11. Na segunda fase será realizada a demolição do T12A e o equipamento será ligado à fase 1.
“A obra está na fase 1, conforme contrato e edital, e o terminal estará pronto para entrar em operação em 2025. O novo terminal será um dos maiores do Porto de Santos”, destacou.
Segundo Noto, o STS-11 será transformado no principal terminal de Santos e “o único a concentrar as operações de todas as cargas da COFCO International”.
“Anualmente, serão carregados mais de 200 navios; serão descarregados mais de 110 mil caminhões, o equivalente a mais de 2.250 km com todos os caminhões em linha (distância entre Laos e Xangai), e mais de 85 mil vagões por ano, somando 1.450 km de vagões em linha (distância entre Paris e Kiev)”, afirmou o executivo.
PRÓXIMA COLHEITA
Todo o investimento em infraestrutura ocorre enquanto a empresa trabalha para originar maiores volumes do Brasil.
Para a temporada de grãos 2024/25, disse ele à Reuters, “vemos o potencial para que as colheitas de soja e milho (do Brasil) sejam maiores do que as deste ano, com crescimento contínuo da área e melhores rendimentos, já que tanto a soja quanto o milho foram impactados por questões climáticas”. este ano.”
O Brasil, maior produtor e exportador global de soja, tinha potencial para colher algo próximo a 170 milhões de toneladas da oleaginosa em 2024, mas uma forte seca no Centro-Oeste, especialmente em Mato Grosso, afetou a produtividade, enquanto chuvas excessivas reduziram o potencial gaúcho – a colheita acabou totalizando 152,5 milhões de toneladas, segundo dados da associação industrial Abiove.
No caso do milho, a colheita terá forte declínio, devido à menor área plantada e menor produtividade, o que interferirá nas exportações brasileiras, que atingiram recordes de mais de 55 milhões de toneladas em 2023, quando o Brasil se posicionou como o maior exportador mundial de cereais.
Apesar da queda na colheita da soja, destacou Noto, as exportações de oleaginosas estão fortes até agora em 2024. “Vimos exportações acumuladas mais fortes em relação a 2023”, destacou, sem citar números.
“Quanto às exportações de milho, nossos números mostram um volume de exportação menor para 2024 em comparação com 2023, principalmente devido a uma colheita menor e à maior demanda interna pelo uso do milho.”
Questionado sobre a demanda chinesa pela soja, Noto avaliou que “este ano foi muito pontual, acompanhada de crescimento acumulado em relação ao ano anterior”. Ele não deu mais detalhes.
“Esperamos que no próximo ano tenhamos uma tendência semelhante, já que o Brasil tem potencial para ser competitivo nos mercados de destino se a produção agrícola for normalizada”, disse, acrescentando que a COFCO também prevê “um crescimento saudável na procura de outros países asiáticos”.
SUSTENTABILIDADE
O executivo destacou ainda que a empresa está preparada para atender não apenas às novas regulamentações antidesmatamento da União Europeia, mas também às possíveis exigências da China, que, “como todos os mercados, está buscando um caminho mais sustentável e adaptando suas exigências junto com as empresas”. para apoiar a consecução dos objetivos relacionados com o clima.”
Este ano, a COFCO entregou 50 mil toneladas de soja livre de desmatamento e conversão (DCF) do Brasil para a China, utilizando um modelo de balanço de massa, que permite acompanhar o volume de uma determinada quantidade para venda certificada.
Em preparação para o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), “a empresa também planeja adquirir, processar e enviar soja segregada, onde os volumes certificados são mantidos fisicamente separados da origem através do processamento, armazenamento e distribuição”, disse Noto.
(Por Roberto Samora)
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