Os deputados que integram o GT (grupo de trabalho) que regulamenta a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma tributária devem incluir as apostas esportivas no rol de serviços sujeitos ao Imposto Seletivo. Os parlamentares se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no início da tarde desta segunda-feira (1º.jul.2024).
Segundo Reginaldo Lopes (PT-MG), a inclusão de apostas no chamado “imposto sobre o pecado” é um “grande possibilidade”. Hildo Rocha (MDB-MA) também disse que a chance é “muito grande”. Eles conversaram com jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, em Brasília.
A necessidade de aumentar a carga fiscal sobre alguns serviços é aliviar o peso que a isenção total ou parcial de outras categorias deve causar ao IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado). Quanto mais itens sob o regime de exceção, maior será o impacto na alíquota normal dos demais produtos.
No projeto enviado pelo governo federal ao Congresso em abril, a carne bovina e outras proteínas animais foram incluídas na lista com redução de 60%. Setores e parlamentares queriam que esses alimentos fossem totalmente isentos.
O Tesouro estima que a inclusão destas proteínas na cesta básica isenta aumentaria a alíquota padrão em 0,57 pp (ponto percentual). Passaria de 26,5% para 27,1%. Lopes disse que a projeção continua a mesma.
Os deputados disseram que o texto ficará pronto e entrará no sistema do Congresso na quarta-feira (3 de julho). No dia seguinte, está prevista uma entrevista com jornalistas para explicar os detalhes da reportagem.
Claudio Cajado (PP-BA) também esteve na Fazenda nesta segunda-feira (1º de julho). Segundo ele, a reunião foi para discutir a parte técnica do texto e também para alinhar prazos com o ministério.
“A reunião com o ministro Haddad foi basicamente para ver como está o trabalho, qual o prazo que temos para apresentar o relatório […] Essas eram questões mais técnicas. As demandas políticas ainda não foram analisadas por nós. Eles estarão no momento adequado após fazermos essa compatibilidade técnica”ele declarou.
Uma das ideias é reduzir o número de artigos do PL (projeto de lei) enviado ao Congresso. Atualmente, são cerca de 500. A expectativa é que o texto seja votado antes do dia 15 de julho, por conta do recesso legislativo.
Questionados sobre o que pode ser antecipado sobre o texto, os deputados disseram que só darão mais detalhes na quarta-feira (3 de julho).
Leia abaixo quem esteve presente na reunião:
- Fernando Haddad – ministro das Finanças;
- Alexandre Padilha – ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais;
- Dario Durigan – secretário executivo do Tesouro;
- Robson Barreirinhas – secretário especial da Receita Federal;
- Bernard Appy – secretário extraordinário de Reforma Tributária;
- Augusto Coutinho – deputado federal (Republicanos – PE);
- Cláudio Cajado – deputado federal (PP-BA);
- Hildo Rocha – deputado federal (MDB-MA);
- Moisés Rodrigues – deputado federal (União-CE);
- Reginaldo Lopes – deputado federal (PT-MG);
- Joaquim Passarinho – deputado federal (PL-PA);
- Luiz Gastão – deputado federal (PSD-CE).
O REGULAMENTO
No dia 24 de abril, Haddad entregou pessoalmente o texto principal do regulamento tributário aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O 2º texto foi divulgado em junho.
No total, serão 3 textos: 2 contas complementares (estes já estão com o Congresso) e 1 nota normal.
Os suplementos cobrirão:
- as especificações comuns ao IBS (Imposto sobre Mercadorias e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – Possui as definições de todos os regimes tributários federais, estaduais e municipais específicos e diferenciados. Fala também do imposto seletivo;
- Especificações somente IBS – definirá o formato do comitê de gestão tributária. Aborda a transição do atual ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para a nova alíquota.
O 3º texto – em formato de lei ordinária – deverá detalhar como será feito o repasse de recursos ao Fundo de Desenvolvimento Regional a título de compensação por benefícios fiscais. Também é para mais tarde.
ENTENDA A REFORMA TRIBUTÁRIA
Em resumo, a principal mudança proposta pela reforma tributária sobre o consumo é a criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) para unificar uma série de alíquotas. O objetivo é simplificar o sistema de cobrança no Brasil.
A mudança deverá entrar em vigor até 2033. Ela foi instituída por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2023.
O Brasil tem 5 impostos sobre o consumo que serão unificados pelo IVA:
- IPI (Impostos sobre produtos Industrializados);
- PIS (Programa de integração social);
- Cofins (Contribuição para o Financiamento da Segurança Social);
- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
- ISS (Imposto sobre serviços).
O IVA duplo consistirá em:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – a fusão do IPI, PIS e Cofins. Será gerido pela União (governo federal);
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – unifica ICMS e ISS. Será gerenciado de forma compartilhada entre estados e municípios.
Ó Poder360 elaborou um relatório que explica detalhadamente a reforma tributária e as mudanças que ela trará no dia a dia dos cidadãos. Leia aqui.
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