A primeira reunião de cúpula do G20 (Grupo dos 20, que reúne as principais economias do mundo) sob a presidência brasileira só acontecerá no final de novembro, mas a cidade do Rio de Janeiro, autodenominada Capital do G20, está cada vez mais sendo o centro climático das atenções internacionais. O mês de julho começa com pelo menos três encontros, um deles voltado para a comunidade científica; a segunda, aos centros de pesquisa; e um terceiro com sherpas (líderes) de diferentes países.
Nesta segunda (1º) e terça-feira (2) acontecerá a reunião do Ciência 20 (S20), grupo de engajamento da área de ciência e tecnologia. O encontro, em um hotel da Barra da Tijuca, tem como objetivo finalizar um documento com recomendações de ciência e tecnologia que será entregue aos líderes e chefes de governo do bloco em novembro.
A presidência do S20 é de responsabilidade da Academia Brasileira de Ciências. O documento a elaborar aborda os temas da inteligência artificial, da bioeconomia, do processo de transição energética, dos desafios sanitários e da justiça social.
Participam do fórum o embaixador Mauricio Lyrio, sherpa do G20 no Brasil, além de representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Representantes das academias de ciências dos países do G20 virão ao Brasil para a cúpula S20, além de membros de organizações científicas internacionais, como a Parceria InterAcademia (IAP), Conselho Internacional de Ciência (ISC), Rede Interamericana de Academias de Ciências ( IANAS), Associação de Academias e Sociedades de Ciência Asiáticas (AASSA) e Conselho Consultivo de Academias Europeias (EASAC).
A Agência Brasil teve acesso ao rascunho da carta final. Um dos trechos aponta que os avanços na inteligência artificial (IA) são cruciais para moldar o futuro das sociedades, transformando diversos setores socioeconômicos e impulsionando as descobertas científicas. “No entanto, todo o seu potencial ainda é amplamente inexplorado. Tanto as nações desenvolvidas como as em desenvolvimento devem equipar as suas comunidades científicas para aproveitarem eficazmente as tecnologias de IA”, destaca o documento, que também faz menção à ética, ao respeito pela privacidade, à propriedade intelectual e à justiça.
O S20 é um dos 13 grupos de engajamento do G20, uma espécie de fórum paralelo que visa discutir políticas públicas e caminhos para o desenvolvimento. Descubra o que eles são.
T20
Outro grupo de engajamento que está presente no Rio de Janeiro esta semana é Think Tanks 20 (T20), que reúne institutos de pesquisa. As reuniões acontecem terça e quarta-feira (3), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro da cidade.
Líderes de 121 grupos de reflexão nacionais e internacionais, membros da academia, representantes dos setores público e privado e da sociedade civil debaterão e proporão soluções para os grandes desafios globais, incluindo temas como o combate à fome e às desigualdades, a transição energética, a transformação digital e a reforma da governação global.
Segundo a organização, “O encontro fortalece a participação dos grupos de reflexão e instituições acadêmicas durante a presidência brasileira do G20, por meio da disseminação do conhecimento produzido pelas seis forças-tarefa do T20 Brasil.”
As conclusões e recomendações objetivas serão organizadas numa carta e entregues aos líderes financeiros dos países do G20. Será a primeira vez que a posição será entregue antecipadamente, para que possa, de facto, ser analisada e influenciar as negociações dos líderes e a elaboração da declaração conjunta durante a cimeira de Novembro.
O encontro é organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Reunião Sherpa
Ainda esta semana, entre os dias 3 e 5, acontecerá um encontro de sherpas de diversos países. O encontro é uma inovação da presidência brasileira no G20: uma sessão conjunta de sherpas com representantes dos grupos de engajamento do G20, que poderão transmitir suas prioridades aos principais representantes do governo.
A inovação faz parte do G20 Social, iniciativa brasileira para ampliar a participação de atores não governamentais nas atividades e processos decisórios do G20, que culminará na Cúpula Social do G20, de 14 a 16 de novembro, também em Rio de Janeiro.
Entenda o G20
O G20 é formado por 19 países – África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia – e dois organismos regionais, a União Africana e a União Europeia.
Os membros do grupo representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.
Como presidente do G20, o Brasil tem o direito de convocar outros países e entidades. Entre os convidados estão Angola, Bolívia, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Paraguai, Portugal, Singapura e Uruguai. Em 2025, o G20 será presidido pela África do Sul.
O destaque da presidência brasileira será a reunião de chefes de estado e de governo, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
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