Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda teve leve queda em relação ao real nas negociações desta segunda-feira, devolvendo alguns ganhos recentes devido a um movimento de realização de lucros por parte dos investidores, ao mesmo tempo em que preocupações com as contas públicas e a política monetária brasileira.
Às 9h46, o dólar à vista caía 0,26%, a 5,5763 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,24%, a 5,597 reais na venda.
“Movimento por enquanto refletindo cautela no mercado, sem direção clara definida e sem posição importante tomada pelo investidor”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“O dólar também vive hoje um movimento modesto de queda. Embora o Banco Central não deva intervir, não vejo espaço para que suba ainda mais”, acrescentou.
Nas últimas semanas, a moeda norte-americana acumulou uma série de ganhos em relação ao real, à medida que os investidores continuam preocupados com o rumo das contas públicas brasileiras e com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo banco central
Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5907 reais na venda, atingindo o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, em sessão marcada por novas críticas de Lula ao mercado financeiro e declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre ajuste fiscal.
O chefe do Executivo afirmou que os recentes ganhos do dólar frente ao real são consequência da especulação com derivativos, acrescentando que o BC tem a obrigação de investigar a situação. Ele já havia dito que os investidores que apostarem contra a moeda brasileira vão “quebrar a cara”.
Campos Neto, por sua vez, argumentou que os governos que procuram ajustes fiscais muito focados em ganhos de receitas, como é o caso do Brasil, são menos eficientes e podem resultar em menores investimentos, menor crescimento económico e maior inflação.
Ele também renovou a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação em relação à meta do BC.
Nesta segunda-feira, economistas consultados pelo BC na pesquisa Focus voltaram a elevar suas projeções para a inflação no final deste ano e no próximo. Em 2024, o crescimento dos preços é agora estimado em 4%, acima dos 3,98% da semana anterior.
Em 2025, os analistas projetam agora que a inflação fechará em 3,87%, acima dos 3,85% da semana passada.
Os economistas ainda veem o dólar fechando em valor mais alto, a 5,20 reais, ante 5,15 reais da semana passada.
“Foco na elevação da previsão cambial para o final do ano, também não há novidade. Geralmente o mercado ajusta as projeções com base no preço atual”, afirmou Bergallo.
No cenário externo, os mercados movimentaram-se com base nos resultados do primeiro turno das eleições parlamentares na França. Apesar da extrema direita ter conquistado o maior número de votos, a vitória foi vista como aquém do esperado, aumentando as expectativas de uma disputa pelo cargo de primeiro-ministro no país.
Com isso, o euro foi negociado a 1,0743 dólares, alta de 0,28% no dia.
O segundo turno da eleição acontece no próximo domingo, 7 de julho.
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