Cerca de 5 em cada 10 empresas do setor industrial tiveram impactos “graves” ou “significativos” na produção causados por quebras no fornecimento de eletricidade nos últimos 12 meses. É o que mostra pesquisa inédita sobre matriz energética da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A pesquisa foi realizada pelo IPRI (Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem), do grupo FSB. Foram entrevistados 1.002 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias das 5 regiões do país, estratificando o setor, no período de 30 de abril a 24 de maio de 2024.
Segundo os dados, 70% dos entrevistados relataram ter enfrentado cortes de energia nos últimos 12 meses. E 46% relatam problemas graves causados pelo apagão em sua produção: 18% relataram impactos “sérios” e 28% “significativos”.
As falhas no fornecimento de energia no setor foram frequentes: 51% das indústrias tiveram 5 ou mais interrupções no fornecimento ao longo de 1 ano e 21% registraram problemas mais de 10 vezes neste período. Apenas 9% relataram ter tido apenas 1 apagão em 12 meses.
Quando questionados sobre a qualidade do fornecimento de energia eléctrica, 11% dos industriais responderam que o classificaram como excelente, 43% como bom, 28% como regular; 9% tão ruins e 9% tão terríveis.
“O maior problema da queda de energia para a indústria é a paralisação da produção. Dependendo do tipo de empresa e linha de produção, há perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. São perdas consideráveis, que acabam impactando custos elevados para as indústrias”afirma o gerente de Energia da CNI, Roberto Wagner Pereira.
PESO NA CONTA
Na pesquisa, os industriais afirmaram que a elevada carga tributária é o fator de maior impacto no alto preço da conta de luz no Brasil. Quando questionados sobre os 2 itens que mais pressionam as taxas, os impostos foram apontados por 78% (60% como 1º fator e 18% como 2º motivo).
Posteriormente, foram também mencionados outros factores relevantes com impacto nos preços da energia, como os períodos de seca/alterações climáticas (29%), o custo do transporte de energia (27%), os subsídios pagos na factura de electricidade (17%) e o custo da energia geração (16%).
Atualmente, os impostos e taxas representam um total de 44,1% da conta de luz, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o país precisa enfrentar os elevados subsídios na área energética para tornar o setor mais competitivo.
“O custo da produção de energia no Brasil é barato, mas nossa conta de luz é uma das mais caras do mundo. Reduzir o preço da energia é uma obsessão da indústria brasileira. Para tal, a redução de encargos é imperativa não só para contribuir para a competitividade do sector industrial, mas para garantir a sustentabilidade económica do próprio sector eléctrico nacional”, afirmou.
A pesquisa identificou ainda que 53% das empresas do setor industrial perceberam aumento na conta de luz nos últimos 12 meses. Para 43%, o impacto do custo da eletricidade na indústria é elevado ou muito elevado.
Os dados mostram ainda que a energia elétrica é a fonte de energia mais utilizada por 80% das indústrias para o processo industrial. Em seguida, energia solar (10%), gás natural (2%), óleo diesel (2%) e lenha (1%).
MODO DE CONSUMO
Segundo pesquisa da CNI, 56% das indústrias ainda compram energia exclusivamente no mercado cativo – aquele em que as distribuidoras locais revendem a energia adquirida ao mercado consumidor de sua região de atuação.
Outros 26% estão no mercado livre de energia, sendo que 10% atuam exclusivamente nesse modelo em que o consumidor negocia preços direta e livremente com empresas geradoras ou comercializadoras de energia.
Questionadas sobre a intenção de migrar para o mercado livre, 33% das indústrias afirmam querer aderir à modalidade, 21% afirmam que poderão migrar e 42% afirmam que não pretendem fazer esse movimento.
A alíquota, porém, sobe para 48% se forem consideradas apenas as indústrias de médio e grande porte.
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